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"Amor Perfeito" é uma boa novela, mas indica que a Globo vem tomando caminhos perigosos

Camila Queiroz, Levi Asaf e Diogo Almeida em Amor Perfeito
Camila Queiroz, Levi Asaf e Diogo Almeida em Amor Perfeito (divulgação)

Nova novela das seis da Globo, Amor Perfeito reúne o que há de melhor no bom e velho folhetim. Há um grande romance central, armações, intrigas e a infalível busca de uma mãe por um filho perdido. Filho este que é uma criança fofa e carismática, o que garante a atenção do público.

Escrita por Duca Rachid, Julio Fischer e Elísio Lopes Jr., a trama conta a história de Marê (Camila Queiroz) e seu filho Marcelino (Levi Asaf). Ela é uma mocinha dos anos 1930, mas bem à frente de seu tempo, que se apaixona perdidamente por Orlando (Diogo Almeida), um jovem médico. No entanto, um desencontro os afasta e a jovem acaba presa por um crime que não cometeu.

Marê é vítima da madrasta, Gilda (Mariana Ximenes), que matou o marido Leonel (Paulo Gorgulho) e conseguiu incriminar a enteada. Deste modo, a megera consegue o que quer: assumir os negócios da família. Enquanto isso, a mocinha descobre que está grávida na prisão, mas tem o filho levado. O bebê, então, cresce criado por freis e padres numa casa religiosa, e sonha em conhecer sua mãe.

O romance cheio de reviravoltas de Marê e Orlando funcionou muito bem, assim como a vilã Gilda roubou a cena, num belo trabalho da sempre interessante Mariana Ximenes. Além disso, a história de Marcelino na casa religiosa é divertida, mas também emocionante. O menino dá um toque lúdico no enredo que deixa a novela bastante graciosa.

Assim, na primeira semana, Amor Perfeito se mostrou uma boa novela. Mas, ao mesmo tempo, ela também indica que a teledramaturgia da Globo tem tomado rumos perigosos, o que pode explicar esta fase de pouco sucesso. Trata-se da velocidade como a trama é apresentada ao público. Amor Perfeito teve uma primeira semana frenética e apressada, o que pode comprometer seu andamento.

No geral, com raríssimas exceções, as mais recentes novelas da Globo padeceram deste mal. Em busca de uma suposta agilidade, as tramas entregam tudo de uma vez, sem dar tempo para o público respirar. Isso leva ao surgimento de fatos mal explicados - por exemplo, a gente não sabia que Leonel desconfiava de Gilda até vê-lo com as provas da traição da vilã nas mãos. 

Outro problema da opção pela pressa é que a trama, fatalmente, não conseguirá sustentar o fôlego por tanto tempo. As novelas estão queimando cartuchos logo de cara, fazendo com que o desenvolvimento da trama seja afetado. Mar do Sertão é um exemplo recente e claro: toda a trama envolvendo a falsa morte e o retorno de Zé Paulino (Sergio Guizé) foi resolvida no primeiro mês da obra. Mas e depois?

Além disso, a própria Duca Rachid tem um histórico que reforça esta impressão. Várias das novelas que assinou com Thelma Guedes, como Cama de Gato (2009), Cordel Encantado (2011) ou Órfãos da Terra (2018) tiveram um início eletrizante, mas perderam fôlego com o tempo, recorrendo a soluções fáceis como sequestros a granel. Foram boas novelas, bem entendido, mas que não conseguiram manter o ritmo frenético inicial até o fim.

A trama de Amor Perfeito é muito boa. A proposta inédita de apresentar personagens negros em posições sociais de destaque também é acertada, assim como a brincadeira com o tempo - ouvir a música de Gloria Groove num instrumental foi divertido. Mas se o início tivesse sido um pouquinho menos apressado, talvez tudo tivesse funcionado melhor. Pra que queimar cartucho tão rápido se ainda temos seis meses de história pela frente?

André Santana

25/03/2023

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1 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Sem falar que a própria TV Globo cortou a primeira fase já gravada de Pantanal... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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