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"Opinião no Ar" é o cúmulo da irresponsabilidade


Sem capacidade para fazer uma programação minimamente qualificada e criativa, a RedeTV começa a mostrar sua nova estratégia para chamar a atenção: fazer programas onde se dizem os maiores impropérios e, consequentemente, rendem compartilhamentos e repercussão. É o famoso “falem mal, mas falem de mim” na versão 2.0. 

Opinião no Ar é o exemplo máximo disso. A emissora contratou Luis Ernesto Lacombe, mais novo expoente “tiozão do zap” (alcunha criada por Chico Barney, colunista do UOL, que me pareceu bastante adequada) para fazer um programa travestido de jornalismo, mas que é, na verdade, um espaço para a disseminação do obscurantismo.

Isso porque o programa foi vendido como um programa de debates “plural”. Mas não é. Ele segue a linha negacionista do próprio Lacombe, exercitada no famigerado Aqui na Band, e que conta com outros “ícones do segmento”, como Silvio Navarro. Na estreia, até Sikera Jr. apareceu, o que pareceu bastante adequado para o momento. Numa bancada, eles discutem os mais variados temas, mas sempre sob este viés conservador, no pior sentido da palavra.

Vou repetir o que já disse antes aqui: nada contra conservadorismo. O problema é que Opinião no Ar é mais um programa que apresenta impropérios travestidos de “opinião”. Navarro já disse que não acredita em pesquisas. Um convidado do primeiro programa também ignorou estatísticas. Ou seja, toda a opinião apresentada ali não é baseada em fatos, pelo contrário: eles negam os fatos e arrotam “achismos”. Para se ter uma ideia, a máxima insuportável “o mundo está muito chato” foi proferida várias vezes num debate sobre “politicamente correto”. Lacombe chegou a afirmar que a luta (legítima) pelos direitos das minorias são “contraproducentes porque 'segregam'”. Claramente, opinião de um privilegiado que não faz a menor ideia do que seja sentir o preconceito na pele.

Ah, para fingir pluralidade, colocaram Amanda Klein no meio desta bagunça inconsequente. Um oásis de sensatez, a jornalista rebatou vários destes impropérios, e foi a única a utilizar dados científicos e pesquisas para embasar suas opiniões (que é o básico que se espera de alguém que participa de um debate). No entanto, era a única ali em meio a todo aquele preconceito vomitado de forma vertiginosa. E, claro, foi constantemente interrompida e desacreditada pelos homens da bancada. Aqueles que acham que o preconceito não existe praticando o machismo de maneira clara, mas não são minimamente capazes de perceber isso.

Opinião no Ar não é jornalismo opinativo. É um programa que se propõe a dar voz à desinformação. Triste, lamentável, o fundo do poço. Mas nada de novo para uma emissora que já exibe Alerta Nacional, outro programa com o mesmo viés pouco inteligente. Não almoce assistindo a RedeTV, já que a indigestão é inevitável. 

André Santana

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11 Comentários

  1. Admirava o Lacombe quando era jornalista esportivo, agora que virou conservador perdeu o respeito e esse programa não é exibido em Brasília porque no mesmo horário passa na TV Brasília o sanguinolento DF Alerta que tem apresentação do Brunoso que era repórter do Sikera Jr do Alerta Nacional e ocupou a vaga da Nikole Lima que foi pra Record.

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  2. A única coisa boa dessas " novidades " da rede TV! será a claudete troiano.
    Gostem ou não da comunicadora,com certeza teremos um programa com conteúdo. Informação. Saúde. Gastronomia, sem cunho político e ou apelativo coisa que na rede tv é bem familiar
    Aqui é o Caio

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    1. Caio, confesso que já não tenho mais paciência pra esse tipo de formato. O programa da Claudete é bem fraquinho, tem pouco tempo, é apressado e pouco interessante. Espero que melhore.

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  3. Esse Lacombe já era fraquíssimo no esporte (reserva do reserva na Globo) e virou essa coisa lastimável como bem definiu o sempre irônico (às vezes até demais) Chico Barney. Sobre o obscurantismo das pautas e temas você disse bem, mas fico pensando em porque a Amanda Klein se sujeitou a participar disso. Claro, todos precisamos pagar as contas, mas será que ela não percebeu a roubada em que estava indo? Além do claro machismo da situação que você retratou, em que agregará para a carreira dela essa participação de coadjuvante nessa grande porcaria?

    E você citou algo bem comum nos dias de hoje: o falem mal, mas falem de mim. Acho que quanto menos dermos espaço para coisas absurdas, falsas e de baixo nível, é melhor, em todas as áreas. A intenção da emissora é essa, fazer algo realmente apenas para chamar a atenção. Felizmente a audiência tem sido igual ao nível do programa: pífia.

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    1. Na rede TV so quem salvava era a Mariana Godoy que saiu e a coisa da Luciana Gimenez que e engraçada pelo menos ..o resto fala o que pensam os donos da emissora

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  4. Cheio de horário locado e as poucas opções são assim...em pensar que deve uma estreia tão promissora.foi um canal que involuiu com o tempo

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  5. Só comentários idiotas. Vocês gostam mesmo é do JN, que manipula os imbecis com notícias que só convém a TV Globo.

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    1. Sabia que não existe só dois lados? Não é preciso gostar de JN pra não gostar de Lacombe, e vice-versa. E se o senhor quer falar de manipulação, acho que já deixou bem claro quem é que está sendo manipulado aqui...

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