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Sem Carlos Nascimento, jornalismo do SBT volta à estaca zero

Com o esperado anúncio da não-renovação de contrato do jornalista Carlos Nascimento no SBT, termina o processo de desmonte que o jornalismo da emissora tem acompanhado há algum tempo. E não se enganem: o coronavírus é uma bela de uma desculpa, mas não é o grande responsável pelo triste cenário. Afinal, o jornalismo do SBT já vem perdendo grifes há vários anos.

O primeiro sinal de que a emissora estava dispensando medalhões para substitui-los por figuras mais controversas e baratas se deu quando Dudu Camargo entrou em cena no Primeiro Impacto. A aposta no garoto, que tinha 18 anos quando assumiu o matinal, significou o fim da trajetória de Joyce Ribeiro e Karin Bravo no canal. 

Para quem não se lembra, Joyce fez parte do processo de reestruturação do jornalismo do SBT, lááá em 2005, quando Silvio Santos contratou Luiz Gonzaga Mineiro como diretor de jornalismo e Ana Paula Padrão como apresentadora. Ao mesmo tempo em que o SBT Brasil de Ana Paula estreou, a emissora reformulou o Jornal do SBT, com Hermano Henning, e relançou o SBT Manhã, justamente com Joyce Ribeiro. Já Karin Bravo veio alguns anos depois, primeiro como repórter especial e, depois, como apresentadora do SBT Brasil, que na época já era comandado por Carlos Nascimento. Ou seja, Joyce Ribeiro e Karin Bravo foram importantes colaboradoras deste processo de reestruturação.

O desmonte ganhou ainda mais evidência quando Hermano Henning foi dispensado. O âncora segurou o jornalismo do SBT nas costas anos a fio, quando era praticamente o único funcionário do setor. Henning participou de praticamente todas as fases do jornalismo do canal, das vacas gordas às magras, e estava presente quando as mimosas voltaram a engordar. Mesmo sendo “prata da casa”, foi dispensado sem dó há alguns anos.

Enquanto isso, Rachel Sheherazade, que se tornou um dos principais rostos do SBT Brasil, se via na corda bamba ainda antes da covid-19. O nome da jornalista já circulava na bolsa de boatos de que não renovaria com a emissora há tempos. Como se sabe, o posicionamento político da apresentadora incomodava o próprio Silvio Santos e alguns de seus anunciantes. Um deles, aliás, chegou a pedir a demissão de Sheherazade publicamente. Apesar de estar na mira do corte há tempos, Rachel não teve seu contrato renovado apenas recentemente, já no contexto da crise da pandemia. 

Ficaram, então, Roberto Cabrini e Carlos Nascimento, os dois últimos grandes nomes do setor no SBT. Cabrini também não teve seu contrato renovado e já está na Record. Ou seja, era uma questão de tempo o anúncio da dispensa de Carlos Nascimento. Sua dispensa apenas reforça o que já se sabia há tempos: Silvio Santos, mais uma vez, cansou do jornalismo. A tendência é deixar o segmento cada vez mais frágil e escondido, apenas para cumprir tabela na grade de programação.

E não é difícil entender o motivo do cansaço. Silvio Santos se mostra cada vez mais apaixonado pelo atual presidente da república. Como as notícias envolvendo o líder da nação quase sempre não são boas, o jornalismo acaba se tornando um desconforto. Assim, quanto mais apático e sem expressão for o jornalismo do SBT, melhor para o dono. Triste, mas é a realidade. 

André Santana

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10 Comentários

  1. Não tenho nenhuma simpatia pelo atual presidente, mas devemos lembrar que, com QUALQUER presidente, o SS sempre foi governo. Ou seja, não é só pelo fato de querer bajular o atual ocupante do Palácio do Planalto que o jornalismo do SBT seja algo para cumprir tabela; na verdade sempre foi, com exceção ao tempo do Boris Casoy e, em parte, também com o SBT Repórter dos anos 90 que, ainda que com algumas pautas meio bizarras, tinha boas matérias, mais ou menos como era o programa do Cabrini até outro dia, só que o programa do Cabrini era mais uma ilha dentro da programação do que qualquer outra coisa.

    A verdade é que as TVs do Brasil não enxergam (ou não querem enxergar) o jornalismo como função social. O SS talvez seja só mais explícito nisso, ao deixar claro que nunca levou a sério. Teve uma vez que ele disse que pensou em trazer um apresentador de telejornal da Argentina, só porque achou o cara "boa pinta". Ou seja, isso dá a visão que ele têm. Pior que isso é dar espaço para algo tão ruim como o tal Primeiro Impacto.

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    1. Alexandre, eu concordo que Silvio sempre foi governo. Mas eu devo concordar também com os que dizem que, desta vez, ele está ainda mais subserviente que o normal. Passou do ponto.

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  2. Impressionante como o jornalismo do SBT vive de fases, já tivemos a fase de ouro com Boris Casoy, a retomada com Ana Paula Padrão e quando parecia que iria se estabilizar com griffes SS cisma e lança um adolescente para apresentar um telejornal que se espremer sai sangue e pelo jeito o jornalismo do SBT só vai mesmo cumprir tabela.

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  3. O sbt ta meio falido. Dispensou um monte de gente e jornalismo não verá tanto faturamento comercial e nem pode fazer merchandising. Como Silvio não tem meias palavras e so investe no que acha que dará lucro corta logo...E ele acha os Bolsonaros super disponíveis se falar bem deles assim como a Record. .o público do abr e de senhoras conservadoras. ..não concordo mais entendo a postura

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    1. Faz sentido. Mas, mesmo assim, é uma postura arriscada, pois compromete a imagem do canal. Esse governo vai passar, e o canal vai pagar o preço desta postura equivocada.

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  4. Meus pais mesmo votaram no Bolsonaro achando que e homem de bem e de Deus. eu gay oculto e que não tenho como gostar

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    1. Miguel, é muito triste esta situação. Também sou homossexual, assumido, casado, mas sempre incomodado com a postura homofóbica deste governo. Minha mãe faleceu dois meses antes da eleição de 2018, mas ela tinha horror ao Bozo e temia que ele ganhasse. Meu pai também não gosta e não é eleitor dele. Felizmente, minha família me orgulha muito neste sentido, hehehe!
      Miguel, você se diz "gay oculto". Se quiser conversar sobre isso, tô à disposição, tá? Manda email andrebarbarasantana@hotmail.com. É sempre bom ter um amigo parecido com você para desabafar. Abraço!

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  5. Não volta a estaca zero não. Porque se há um Marcão e um Dudu há também o SBT Brasil apresentado por bons jornalistas como a Márcia e o Marcelo, jornal este que conta com ótimos repórteres como: Sergio U., Simone Queiroz, Fabio Diamante, Patrícia V e outros. Além de tudo ao contrário dos que não assistem pensam e julgam é um telejornal descente, que mostra as notícias do dia a dia incluindo aí as besteiras feitas e faladas pelo sujeito do planalto. Estaca zero era na época do Hermano, que praticamente nem repórter tinha. Hoje não está uma maravilha, mas também não se pode chamar de estaca zero porque assim está se desrespeitando os profissionais que estão lá. Feliz 2021 e tudo de bom a você e a todos.

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    1. Oi Gilmar! Respeito, mas discordo de você. Não estou desrespeitando os profissionais que lá ficaram, mas sim a direção a que eles estão submetidos. De que adianta ter bons profissionais, se eles não são livres para fazer um jornalismo de verdade?
      Errado é você me dizer que critico sem assistir. Eu assisto, sim, o SBT Brasil, e é um jornal burocrático e chapa-branca. Não há espaço para análises nem interpretação dos fatos. É um jornalismo que existe apenas para cumprir tabela. Isso, sim, é um desrespeito aos profissionais que lá estão.
      Feliz 2021, abraço!

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