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Boa novela, "Novo Mundo" não empolga em reprise


 

Novo Mundo é a primeira novela da “safra de reprises” imposta pela pandemia a chegar ao fim. A trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão reafirmou suas qualidades neste repeteco, mas não mexeu com a audiência como em sua exibição original, em 2017. Uma pena, se enfileirarmos todas as qualidades da novela das seis.

Em 2017, Novo Mundo foi uma agradável surpresa. Ao misturar folhetim com figuras históricas, fazendo uma aventura de época inserida no início do Brasil Império, os autores entregaram uma trama redonda, envolvente e bem divertida.

Claro, a reprise também deixou claro alguns elementos que não funcionaram tão bem, como a mocinha Anna Millman (Isabelle Drummond). Apresentada como “à frente de seu tempo”, a heroína acabou caindo fácil demais no golpe de Thomas (Gabriel Braga Nunes), o que a fez perder força. Sua cota de sequestros e de cárcere acabou cansando um pouco. Mais sorte teve Joaquim (Chay Suede), que ganhou cores de super-herói e se revelou um mocinho carismático.

Mas foi o casal que andou ao lado dos heróis que concentrou os olhares do público que curte uma boa história de amor na primeira exibição. Os personagens históricos Dom Pedro I (Caio Castro) e sua primeira esposa, Leopoldina (Letícia Colin) funcionaram, sobretudo em razão do trabalho da atriz, que deu humanidade à princesa. Assim, valeu a “licença poética” da trama, que aproveita do recorte da época retratada para dar um final feliz ao casal, ao mesmo tempo em que conferiu ares de vilã à amante de Pedro, Domitila (Agatha Moreira).

Além do folhetim tradicional, os autores foram felizes ao usar a temática histórica para fazer um paralelo com o Brasil atual. Com muita sagacidade, Thereza Falcão e Alessandro Marson colocaram na boca de seus personagens diálogos de duplo sentido, que encaixavam perfeitamente no contexto atual do país. O resultado foi uma novela com diversas camadas, que não saía de seu objetivo principal, o entretenimento, mas que também era capaz de provocar o público e despertar a reflexão.

No entanto, curiosamente, o encanto da primeira exibição não se repetiu nesta reapresentação. O romance de Pedro e Leopoldina não causou o mesmo frisson da exibição original. Porém, vale lembrar que esta reprise de Novo Mundo esteve longe de ser um fiasco. A novela manteve o horário das seis da Globo num patamar aceitável, com uma média de acordo com o trilho que se espera da faixa. O “problema” maior foi a comparação com as demais novelas. Totalmente Demais é um fenômeno, que conquistou uma plateia maior que em 2015. E Fina Estampa é uma trama popular de grande apelo, que ainda toca grande parte dos espectadores.

Novo Mundo, embora tenha suas qualidades, não conseguiu se mostrar como um clássico capaz de repetir seu sucesso. A reprise mostrou que a novela conquistou o público naquele período, mas não deixou saudades a ponto de trazê-lo de volta com a mesma empolgação nesta reapresentação.

Além disso, Novo Mundo tem um tom mais formal e soturno que as demais novelas em reapresentação. Neste momento de pandemia, onde muitos estão tensos e procurando relaxar, os dramas históricos e a ambientação escura acabaram sendo ofuscados pelo noticiário, que anda mais duro e tenso que o normal. Ou seja, quem buscou refúgio numa novela, preferiu algo mais leve, como Totalmente Demais e Fina Estampa, duas histórias mais “solares”. E que, de quebra, são quase “contos de fadas” modernos.

Flor do Caribe, então, terá a missão de fazer o horário das seis “relaxar”, como fazem Totalmente Demais às 19h, e Fina Estampa às 21h. E preparar o público para uma nova trama histórica, Nos Tempos do Imperador, que deve estrear em 2021. Esperamos que, até lá, as coisas já estejam minimamente melhores, e que a receptividade da história de Dom Pedro II (Selton Mello) seja parecida com a da primeira exibição de Novo Mundo.

André Santana

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5 Comentários

  1. Sabe que eu aposto numa audiência maior para "Flor do Caribe" do que na primeira exibição? Tenho pra mim que tem chances de se sair bem. Já "Novo mundo" foi prejudicada com cortes logo no início. Eu me incomodei quando comecei a ver falhas graves. Talvez a primeira ideia tenha sido de resumir a novela para uma exibição especial, mas a pandemia foi se prolongando e isso prejudicou um pouco a narrativa.
    www.cascudeando.com

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    1. Novelas de época nem sempre emplacam mesmo senso voz e vidr lado a lado

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    2. Lucas, os cortes no início me incomodaram bastante também! Mas eu repito o que disse no texto: o desempenho não foi ruim. Na verdade, foi o desempenho das demais reprises que foi MUITO bom!

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  2. Olá, tudo bem? Novo Mundo não aparece entre as melhores novelas da década. É uma trama que teve a atuação espetacular de Leticia Colin e a valorização da figura histórica da Imperatriz Leopoldina. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Oi Fabio! Eu achei a novela muito boa na época, e reafirmei a opinião na reprise. Mas concordo que não é um clássico. Abraço!

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