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Viva manda bem ao resgatar "Explode Coração"

Uma das grandes qualidades do canal Viva é trazer ao espectador de hoje a oportunidade de rever novelas que dificilmente seriam reapresentadas no Vale a Pena Ver de Novo. Explode Coração, novela de Glória Perez exibida em 1995, é um destes casos. Não que a novela não tenha feito sucesso e não fosse pedida pelos fãs para voltar. Mas uma novela que tratava de uma história de amor que acontece no início da popularização da internet tornou-se datada demais para ser revista depois de tantos anos, ao menos na TV aberta.

Num canal pago e de público segmentado, esta reprise se torna possível, levando-se em consideração que a audiência do Viva é formada por espectadores saudosos que adoram revisitar o arquivo da Globo. Para esta plateia, é divertido ver como a internet, “engatinhando”, era tratada com certa ingenuidade. Melhor ainda é notar que, pouco mais de 20 anos depois, tanta coisa mudou na nossa vida justamente por causa desta “tal” de internet, vista com cores de ficção científica em Explode Coração. O próprio fato de você estar lendo este humilde blog, em seu notebook, tablet ou, principalmente, celular, já demonstra que a “rede mundial de computadores” é, agora, fundamental em nosso cotidiano. Mais do que isso: é algo natural, recorrente, e não dá mais pra imaginar o mundo sem esta ferramenta.

Além disso, rever Explode Coração no Viva é se dar conta de que, se a novela de 1995 não tivesse acontecido, provavelmente O Clone, de 2001, também não aconteceria. Se O Clone fez o sucesso que fez e se tornou uma das principais obras da novelista Glória Perez, isso só aconteceu porque, antes, existiu Explode Coração. Foi na novela de 1995 que a novelista apostou na mistura que se tornaria sua marca, um romance intermeado por tecnologia e culturas diferentes. Se a saga de Jade (Giovanna Antonelli) era mostrada em meio à clonagem humana e os costumes da religião muçulmana, em Explode Coração os assuntos da vez eram a cultura cigana e a já citada  internet.

No primeiro capítulo, exibido na última segunda-feira, 29, já vimos como a internet era mostrada como uma novidade revolucionária. Assim, cenas como a da empregada Odaísa (Isadora Ribeiro), assustada, contando para Dara (Tereza Seiblitz) que seu computador estava tomado por algum tipo de magia, já que “saíam vozes de lá”, chegam a ser pueris e, por isso mesmo, bem divertidas. Acredite, em 1995, era bem fora do comum um computador falar com você.

Mais incomum ainda era conversar com alguém que você não conhece, de qualquer lugar do mundo, por meio de uma máquina. Se você não ligasse no “disk amizade”, provavelmente jamais conheceria pessoas que estão bem distantes do seu quintal. Pois foi justamente neste novo universo que a internet traria que a cigana Dara (Tereza Seiblitz) conheceu Júlio Falcão (Edson Celulari), aproveitando o fato de conversar com um desconhecido para desabafar. A heroína contou que se sentia deslocada dentro da cultura cigana, que estudava escondida dos pais e que não queria se casar com o noivo ao qual fora prometida ainda bebê. Os costumes ciganos e a internet mostrados numa única cena, que resumia bem a temática de Explode Coração, tal qual sua abertura que mostra uma Ana Furtado cigana sendo transportada para uma sala high tech.

O fato de o início da história de amor entre Júlio e Dara soar antiquado nos dias de hoje mostra o quanto Glória Perez estava antenada com os assuntos da contemporaneidade naquele momento. E é exatamente por isso (e não só por isso) que rever Explode Coração vale a pena. Afinal, como dito acima, a trama abriu caminho para que O Clone fizesse sucesso. Assim como Jade e Lucas (Murilo Benício) encaram uma série de problemas para ficarem juntos, como as diferenças culturais e as presenças do noivo prometido dela, Sayid (Dalton Vigh), e da esposa dele, Maysa (Daniela Escobar), Dara e Júlio também terão as diferenças culturais como dificultadores, alem das presenças do noivo prometido dela, Igor (Ricardo Macchi), e da esposa dele, Vera (Maria Luísa Mendonça).

Primeira novela da Globo gravada no Projac, Explode Coração já apresentava um apuro visual diferente de suas antecessoras, e que só evoluiria a partir dali. E é ótimo ver uma atriz do quilate de Tereza Seiblitz, que estranhamente nunca mais fez grandes papéis depois da emblemática cigana Dara, protagonizando a trama. Isso sem falar da presença de nomes como Rodrigo Santoro, debutando como o menino Serginho, e que, mais adiante, formará um casal polêmico com a também sempre maravilhosa Reneé de Vielmond. Paulo José e Eliane Giardini fazendo um típico casal cigano, os pais da mocinha, também chamam a atenção, assim como o núcleo cômico, liderado por Regina Dourado e Rogério Cardoso. Laura Cardoso, Elias Gleiser, Maria Luísa Mendonça, Nívea Maria e tantos outros medalhões são mais cerejas neste bolo.

Como nem tudo são flores, ainda há o emblemático cigano Igor. Entregue ao estreante Ricardo Macchi, que obviamente não estava pronto para um personagem daquele tamanho, Igor acabou se tornando motivo de chacota por conta do parco desempenho de seu intérprete. Até hoje, “cigano Igor” se tornou sinônimo de ator pouco expressivo.

Nada que comprometa a novela. Explode Coração é um típico romance de Glória Perez, e que abriu caminho para que, mais adiante, viessem O Clone e, também, Caminho das Índias. Dara, Jade e Maya (Juliana Paes) são lembradas até hoje, e não é por acaso. Vale a pena ver de novo.


André Santana

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4 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Oba!! Fico feliz com o reconhecimento do blog com a autora Gloria Perez!!!! Ela merece os elogios! De Corpo e Alma é outra novela que se encontra na minha lista de preferidas. Acredito que jamais o VIVA reprisará a produção, mas enfim....Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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    1. Oi Fabio! Eu não assisti De Corpo e Alma, mas tenho uma relação afetiva com Explode Coração. Foi a primeira novela das oito da Globo que realmente acompanhei religiosamente (antes, eu via novelas na base do "de vez em quando"), e ela me envolvia muito. Sempre torci por uma reprise.

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  2. E aee !! Saudade de Tieta ,que novela boa confesso que fiquei órfão

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