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Balanço 2025: um ano sem grandes surpresas na TV aberta

O ano de 2025 consolidou a sensação de que a TV aberta brasileira vive um período de transição turbulento, marcado por tentativas de resgate do passado, apostas em nomes já consagrados e uma dificuldade evidente de dialogar com um público cada vez mais fragmentado e migrando para o digital. As emissoras oscilaram entre movimentos ousados e decisões equivocadas, revelando tanto a crise de identidade quanto a falta de projetos de longo prazo.

Na Globo, o principal foco de debate foi Vale Tudo. A nova versão do clássico de 1988 chegou cercada de expectativas, mas rapidamente se tornou um dos maiores polos de polêmica do ano. A atualização do texto dividiu o público entre os que defendiam uma releitura contemporânea e os que acusavam a emissora de descaracterizar uma obra icônica da teledramaturgia brasileira.

As discussões em torno de Vale Tudo extrapolaram a tela e dominaram as redes sociais, evidenciando como a Globo ainda consegue pautar o debate cultural, mesmo quando erra ou provoca rejeição. As mudanças em personagens, conflitos e abordagens narrativas foram vistas por muitos como excessivamente didáticas ou distantes do espírito original, levantando questionamentos sobre os limites entre atualização e descaracterização.

Apesar das críticas, a novela também mostrou que a Globo continua sendo a única emissora capaz de transformar um produto de dramaturgia em evento nacional. Em 2025, Vale Tudo simbolizou tanto a força quanto a fragilidade da líder de audiência: poderosa para gerar repercussão, mas cada vez mais pressionada a acertar o tom em um cenário de concorrência ampliada.

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Variedades

Quem tentou surpreender em 2025 foi a Record. Após anos sem grandes novidades na grade, tomada de realities e jornalísticos populares, o canal mexeu em sua linha de shows e trouxe coisas novas, embora a maioria das apostas não tenha dito a que veio.

A emissora acertou em cheio com A Fazenda 17, que repercutiu bastante, e com Acerte ou Caia, que se tornou o principal programa dos domingos do canal com boa audiência. No entanto, outras apostas, como Game dos 100 e Love & Dance passaram em brancas nuvens. Curiosamente, os dois programas foram apresentados pelo casal Felipe Andreoli e Rafa Brites, que acumularam ainda o comando do Power Couple Brasil.

A Record também seguiu colhendo bons frutos com as novelas turcas e emplacou Mãe depois do sucesso de Força de Mulher. Entretanto, o canal errou ao interromper a linha de folhetins importados com a exibição das séries bíblicas como Paulo, o Apóstolo, que derrubaram a audiência do horário. Além disso, é estranho a emissora teimar em reprisar Reis no horário nobre enquanto há temporadas inéditas na gaveta.

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Já deu

Na Band, o desgaste do MasterChef Brasil ficou ainda mais evidente. O reality culinário, que já foi um dos maiores sucessos da emissora, mostrou sinais claros de esgotamento criativo. Mudanças pontuais no formato não foram suficientes para recuperar o impacto de temporadas anteriores, e a audiência refletiu esse cansaço.

O problema do MasterChef em 2025 não foi apenas a queda de público, mas a sensação de repetição. Provas previsíveis, narrativas recicladas e menor envolvimento emocional do telespectador reforçaram a percepção de que a Band manteve o programa no ar além do seu auge, sem um plano claro de renovação ou substituição.

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Não rolou

O SBT, por sua vez, protagonizou alguns dos erros mais comentados do ano. A tentativa de resgatar o Aqui Agora revelou falta de compreensão sobre o contexto atual do jornalismo popular, enquanto as mudanças no Bom Dia & Cia evidenciaram improviso, instabilidade e ausência de um projeto consistente para o público infantil.

Esses equívocos do SBT em 2025 reforçaram a imagem de uma emissora perdida entre o saudosismo e a incapacidade de se reinventar. A insistência em formatos que funcionaram no passado, sem a devida atualização estética e editorial, resultou em rejeição, baixa repercussão e dificuldades comerciais.

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Sem relevância

Já a RedeTV seguiu praticamente irrelevante no cenário da TV aberta. Em 2025, a emissora manteve uma programação com pouco impacto, baixa inovação e mínima influência cultural. Sem grandes apostas, sem produtos de repercussão nacional e com audiência residual, a RedeTV pareceu ainda mais distante do debate central sobre televisão no Brasil.

Assim, 2025 evidenciou que a TV aberta continua viva, mas profundamente fragilizada. Entre polêmicas, apostas concentradas, formatos desgastados e erros estratégicos, as emissoras mostraram dificuldade em compreender o novo telespectador. O ano ficará marcado menos por grandes acertos e mais como um retrato das incertezas e contradições de um meio que ainda busca se reinventar.

André Santana

22/12/2025

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