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Toni Garrido e Angélica em frente à Academia da Fama (divulgação) |
Anunciado como um formato original da Globo, Estrela da Casa deu um nó na cabeça do público em sua estreia, no ano passado, por se mostrar totalmente sem propósito. Afinal, a ideia era lançar uma nova estrela da música, mas seus competidores passavam por competições no estilo Big Brother, o que não fazia o menor sentido.
Percebendo que seu “BBB musical” não deu certo, a Globo recalculou a rota e lançou uma nova versão do reality, desta vez sim focado no talento. A “casa” virou um Centro de Treinamento, e os participantes passam por provas que desafiam suas habilidades musicais. Os shows ganharam mais espaço, e a música finalmente se tornou protagonista. Considerando a repercussão dos primeiros episódios, as mudanças foram bem-recebidas pelo público.
No entanto, não há nada de novo no Estrela da Casa. O programa nada mais é que uma reedição do Fama, talent show musical exibido pela Globo entre 2002 e 2005. A maior diferença é que o Fama era semanal e exibido à tarde, enquanto Estrela da Casa tem exibição diária no horário nobre. Mudança que pode cansar, afinal, ao que parece, a atração não tem conteúdo suficiente para episódios diários.
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Lembra do Fama?
Fama foi um dos primeiros programas no estilo “reality show musical” produzido pela TV brasileira. A atração estreou praticamente ao mesmo tempo do Popstars, do SBT, programa que revelou Rouge e Br’Oz. Na época, Raul Gil bombava na Record com seus calouros, e tanto Globo quanto o SBT buscavam dar uma resposta ao sucesso dos cantores amadores trazendo formatos de fora.
O Fama era a versão brasileira de Operación Triunfo, formato criado na Espanha. Apresentado por Angélica e Toni Garrido, o programa foi lançado em abril de 2002 e trazia 12 cantores amadores em busca do sucesso. Para isso, eles conviviam na Academia da Fama, um espaço onde participavam de treinamentos e ensaios para se prepararem para o grande show de sábado, que era o “dia nobre” da atração. Em 2002, a Academia da Fama foi montada no cenário do resort Jardim do Éden, da novela As Filhas da Mãe (2001).
O programa tinha uma equipe de professores, formada por nomes como Ana Kfouri (expressão corporal) e Renato Vieira (coreografia), que treinavam os participantes ao longo da semana. A atração também contava com um júri fixo que avaliava as performances aos sábados, formado por Guto Graça Melo, Helio Costa Manso, Ivo Meirelles, Lilian Secco, Maria Carmen Barbosa e Monika Venerabile. Além da exibição nas tardes de sábado, na faixa das 16h, o programa tinha pílulas de cinco minutos exibidas de segunda a sexta, antes de Malhação, mostrando a rotina na Academia da Fama.
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Retorno
Após duas temporadas exibidas em sequência, em 2002, Fama teve um hiato e não foi produzido em 2003, mas voltou ao ar em 2004. No entanto, o formato passou por modificações, a começar pela apresentação, com Angélica assumindo o microfone sozinha. Além disso, o programa deixou de ter um júri fixo e a votação do público ganhou um peso maior.
Outra mudança aconteceu na Academia da Fama, que deixou o “resort” Jardim do Éden e passou a ser na própria casa do BBB (como acontece atualmente no Estrela da Casa). Além disso, as pílulas diárias foram extintas, e as imagens dos treinamentos eram exibidas no próprio programa de sábado. Nesta fase, Fama teve mais duas temporadas, em 2004 e 2005.
Alguns dos participantes do Fama de fato alcançaram muito sucesso, como Thiaguinho, Roberta Sá, Marina Elali e a dupla Hugo e Tiago. A atriz Evelyn Castro também passou pela atração, assim como Fábio Nestares, atual vocalista do grupo Roupa Nova.
Em seus primeiros anos, Fama registrou boa audiência e devolveu a liderança nas tardes de sábado para a Globo, numa faixa em que Raul Gil nadava de braçada. Mas a atração perdeu fôlego em suas temporadas finais, razão de seu cancelamento.
André Santana
30/08/2025
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