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Garota do Momento cumpre seu papel, apesar de escorregões

Beatriz (Duda Santos) e Beto (Pedro Novaes) em Garota do Momento
Beatriz (Duda Santos) e Beto (Pedro Novaes) em Garota do Momento (Leo Rosário/TV Globo)

Em sua segunda produção no horário das 18h da Globo, Alessandra Poggi reafirma seu talento para contar boas histórias de época. Após o sucesso de Além da Ilusão (2022), a autora retorna com Garota do Momento, demonstrando ainda mais segurança e domínio do gênero.

A novela, que chegou ao fim recentemente, foi um folhetim saboroso, sem pudores em explorar clichês clássicos do melodrama — como a amnésia — para criar uma narrativa cheia de voltas e reviravoltas. A farsa construída por Maristela (Lilia Cabral) e Juliano (Fabio Assunção) para enganar Clarice (Carol Castro), somada à investigação determinada de Beatriz (Duda Santos), serviu como fio condutor envolvente para prender o público. O triângulo amoroso com Bia (Maisa) e Beto (Pedro Novaes) também deu o tom das tensões românticas.

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Retrato encantador dos anos 1950

Como já havia feito anteriormente, Poggi soube aproveitar com sensibilidade o contexto histórico da trama. Garota do Momento mergulhou no universo do Brasil dos anos 1950, destacando o florescimento da publicidade e da televisão. Essa ambientação serviu de pano de fundo rico e charmoso para a trajetória da protagonista.

Vinda do interior à procura da mãe, Beatriz não só reencontra seu passado como rompe barreiras ao se tornar a primeira garota-propaganda negra do país. Seu carisma e talento a levaram rapidamente à fama, transformando-a em estrela de um meio televisivo ainda em seus primeiros passos.

A ambientação, que percorreu agências publicitárias, fábricas de sabonetes e os bastidores de uma emissora de TV, ofereceu um retrato interessante de um Brasil em transformação — um cenário que continua a inspirar narrativas até hoje.

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Pontos altos e tropeços

Entre os méritos da novela, está a construção sólida de personagens. Beatriz e Beto se destacaram como protagonistas cativantes, com força e personalidade, sem recaírem em estereótipos ingênuos. Clarice foi uma mocinha com densidade, enquanto os antagonistas — Maristela, Juliano e Bia — se mostraram eficazes e bem desenvolvidos.

No entanto, a trama também teve suas falhas. O excesso de capítulos acabou esvaziando a história principal em alguns momentos, levando ao enfraquecimento da jornada da protagonista na reta final. Beatriz, que sustentava a narrativa, passou tempo demais em segundo plano, o que gerou frustração e quebrou o ritmo.

Alguns arcos paralelos também deixaram a desejar. O drama de Eugênia (Klara Castanho) foi abandonado, e o triângulo entre Iolanda (Carla Cristina Cardoso), Ulisses (Ícaro Silva) e Glorinha (Mariana Sena) não chegou a se desenvolver plenamente.

A trama romântica de Guto (Pedro Goifman) e Vinicius (Elvis Vittorio) perdeu força com a partida do segundo para os EUA, esvaziando o papel de Guto na narrativa. E a saída precoce de Érico (Silvero Pereira), personagem querido e com muito potencial, também foi sentida. Ele só voltou brevemente no último capítulo.

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O charme do folhetim clássico

Mesmo com esses deslizes, Garota do Momento entregou um resultado positivo. O elenco, liderado por Duda Santos, Pedro Novaes, Maisa, Lilia Cabral, Fabio Assunção, Letícia Colin e Carol Castro, mostrou sintonia e talento.

A novela reafirmou a força do folhetim clássico: Alessandra Poggi não tem receio de usar a estrutura tradicional das novelas para contar histórias que encantam, enquanto aborda temas atuais com leveza e naturalidade. O resultado foi uma obra envolvente, que celebrou o melhor do gênero.

André Santana
28/06/2025

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