Priscila e Gilmar, personagens da TV Colosso (reprodução) |
O Viva anunciou a exibição de uma edição especial de TV Colosso, clássico infantil da TV Globo exibido entre 1993 e 1997. O canal exibirá 40 episódios da produção a partir de 7 de outubro, às 9h45, numa celebração ao Dia da Criança, comemorado em 12 de outubro.
O programa, protagonizado por bonecos-cachorros que comandam uma emissora de TV, fez um enorme sucesso nas manhãs do canal. Personagens como Priscila, Gilmar, JF e Malabi povoaram o imaginário infantil naquela temporada e foram os responsáveis pelos ótimos índices de audiência que TV Colosso alcançou durante sua existência.
O que pouca gente sabe é que provavelmente a TV Colosso não existiria se não fosse a Família Dinossauros. A série da Disney, estrelada por bonecos animatrônicos, fez muito sucesso dentro do Xou da Xuxa e, depois, nas noites de domingo da Globo. Por isso, a direção da emissora determinou que o programa que substituiria o Xou da Xuxa nas manhãs deveria ser estrelado por bonecos animatrônicos.
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Dinossauros e cães
Em Família Dinossauros, os personagens principais eram bonecos animatrônicos. Ou seja, eram fantasias vestidas por atores cujas máscaras eram controladas por meio de controle remoto, garantindo as expressões faciais “realistas” dos personagens. Além dos bonecos grandes, Família Dinossauros também tinha bonecos menores, tipo “muppets”, como fantoches manipulados com a ajuda de varas.
A TV Colosso ia pelo mesmo caminho. Havia cães grandes, como Priscila e JF, que eram fantasias vestidas por atores e o rosto era manipulado por controle remoto. E havia também cães menores, como Gilmar e Peggy, que eram controlados pelas mãos dos atores e varas.
Os personagens foram criados pelo grupo gaúcho Cem Modos, depois rebatizado de Criadores e Criaturas, por encomenda de Boninho, idealizador e diretor da atração. Por serem cães fofinhos e carismáticos, não demorou para que os personagens do programa caíssem nas graças do público.
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Televisão ou quadrinhos?
Em entrevista ao O Globo, em 24 de março de 1993, Boninho falou que a ideia do programa era fazer algo próximo aos quadrinhos.
“Tem a estética dos quadrinhos, é rápida e telegráfica. A linguagem impressa pela equipe de cartunistas, entre eles Laerte, Angeli e Glauco, faz do programa um meio diferente e inteligente de tratar as crianças”, afirmou.
De fato, grandes nomes das HQ’s nacionais assinavam os roteiros da TV Colosso. Além dos citados, o programa também tinha Fernando Gonzalez e Luis Gê. O escritor e cronista Luis Fernando Veríssimo era outro nome da atração.
"A gente tinha a preocupação de fugir do beabá, do tatibitati. As crianças não querem isso", disse Valério Campos, redator final do programa, ao Jornal do Brasil, em 9 de outubro de 1993.
"Nosso único cuidado é não ficar falando de códigos e fazendo piadas sobre Bolsa de Valores ou medidas econômicas, e evitar o humor meio amargo, ligado à maturidade", explicou Laerte.
"Acho legal que a gente possa fazer um troço criativo para as crianças, sem que seja dominante a obrigação de ensinar o que é grande ou pequeno", completou Luís Gê."Achei legal terem ido buscar o pessoal de quadrinhos para escrever os roteiros porque nós estamos acostumados com o visual. E, neste sentido, o programa tem muito a ver com o quadrinho, que é por onde muitas crianças começam a ler porque vêem o desenho e começam a curtir a história", celebrou o cartunista.
Esse era o grande trunfo da TV Colosso: o programa não tinha pretensões didáticas e queria “apenas” entreter crianças com histórias engraçadas. O humor adotado era tão esperto que o infantil também era muito apreciado por adultos.
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Sucesso retumbante
TV Colosso fez muito sucesso nas manhãs da Globo. O programa chegou a registrar os mesmos índices de audiência que Xuxa alcançava no auge de seu sucesso - e que a fez ser considerada um fenômeno. Ou seja, ela foi substituída à altura por Priscila e seus amigos.
A atração cumpriu bem sua principal missão: costurar os desenhos animados que ocupavam as manhãs da Globo. Como a história se passava numa emissora de TV, os desenhos faziam parte da programação. Mas, além das animações, o programa tinha esquetes que satirizavam atrações televisivas. O telejornal Jornal Colossal, o musical Clip Cão e a novela Os Filhos da Cadela eram alguns dos programas da “grade” canina.
O programa foi exibido entre 19 de abril de 1993 a 3 de janeiro de 1997, com Luiz Ferré, Beto Dorneles e Boninho encabeçando a equipe de criação. Neste período, TV Colosso lançou três discos, ganhou especiais no horário nobre da Globo, virou filme e teve até uma revista em quadrinhos, além de vários outros badulaques e produtos licenciados.
André Santana
12/09/2024
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