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Em 1998, Ney Gonçalves Dias comandou tribunal fracassado no SBT

Ney Gonçalves Dias no Aqui Agora
Ney Gonçalves Dias no Aqui Agora (reprodução)

Em 1997, Silvio Santos contratou o americano Albert Lewitinn e a produtora December First Production para implantar uma versão nacional do programa Ricki Lake Show. Nascia assim o programa Márcia, apresentado por Márcia Goldschmidt, atração que fez um enorme sucesso nas noites de terça-feira do canal de Silvio Santos.

Prestigiado, Lewitinn, que atuava como consultor de Silvio Santos, conseguiu emplacar um segundo programa na grade do SBT no ano seguinte. No entanto, ao contrário da arena de briga entre vizinhos de Márcia, a nova atração não deu muito certo e ficou pouco tempo no ar.

Trata-se de Fórum Popular, programa apresentado por Ney Gonçalves Dias que tinha a pretensão de funcionar como um “tribunal de pequenas causas”. No programa, populares levavam suas questões para uma juíza aposentada, que dava o veredicto. Surreal…

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Justiça do Ney

Tirado da Record por Silvio Santos para tentar “salvar” o Aqui Agora, Ney Gonçalves Dias ficou pouco tempo no jornal policial, que deixou a grade do SBT no final de 1997. Assim, no ano seguinte o jornalista foi aproveitado no Fórum Popular, programa que repetia o conceito de conflitos do programa Márcia, mas o levava para um cenário que imitava um tribunal.

O programa estreou em abril de 1998 para ocupar as noites de quarta-feira. Na época, este era o dia do programa de Márcia Goldschmidt, mas Silvio Santos resolveu transformar o telebarraco numa atração diária. Assim, Fórum Popular foi o substituto do programa de Márcia na linha de shows do SBT.

Na estreia, um homem discutiu com uma mulher sobre a venda de um carro. Ela se queixava de um buraco na lataria do veículo e não queria pagar a taxa de transferência. Em outro caso, um pedreiro alegava ter sido demitido injustamente logo depois de ser contratado. 

A plateia torcia por ele, mas a juíza Lúcia Beltrami deu ganho de causa ao réu. Enquanto isso, Ney Gonçalves Dias gritava:

"Aqui se faz justiça!" 

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De mentirinha

Obviamente, Fórum Popular era um programa de televisão e seus veredictos não tinham valor legal. Os participantes assinavam um termo no qual se comprometiam a cumprir o que foi determinado, mas, na verdade, nada garantia isso. O programa, inclusive, foi criticado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de acordo com o jornal O Globo de fevereiro de 1998.

“Esse programa vai contra o artigo 133 da Constituição, que torna indispensável a figura do advogado num processo jurídico”, disse Geraldo Facó Vidigal, então presidente da Comissão de Legislação da OAB.

Após a estreia, o programa foi duramente criticado pelos jornais da época.

“Ney Gonçalves Dias está patético, berrando como sempre, metido num terno que combina com a cor artificial dos cabelos, fazendo um papel de comandante de Você Decide mesclado com animador de auditório. A juíza aposentada Lúcia Beltrani - que entra e sai do Fórum somente após a ordem do meirinho para todos se levantarem - faz um papel ridículo, tentando dar um caráter de seriedade a um bate-boca entre duas partes em conflito, explorados na TV com mais sucesso em excrescências como Ratinho, Márcia ou Magdalena. Não dá para se levar a sério coisas como estas. Todos falam ao mesmo tempo, ninguém se entende e, pasmem, a doutora Lúcia lavra sua sentença como se estivesse de fato fazendo justiça. Que vergonha!”, detonou Marcus Barros Pinto no Jornal do Brasil de 17 de abril de 1998.

O programa também foi um fracasso de audiência e saiu do ar em pouquíssimo tempo. Depois disso, Ney Gonçalves Dias foi transferido para o telejornal Noticidade.

André Santana

16/05/2024

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