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Perdida, "Terra e Paixão" deve figurar entre os piores trabalhos de Walcyr Carrasco

Tony Ramos, Cauã Reymond, Eliane Giardini e Gloria Pires em Terra e Paixão
Tony Ramos, Cauã Reymond, Eliane Giardini e Gloria Pires em Terra e Paixão
(divulgação/Globo)

Walcyr Carrasco é conhecido como “incansável”, já que costuma emplacar praticamente uma novela por ano desde sua chegada na Globo, em 2000. Além disso, o autor tem fama de ser habilidoso na condução de crises, convertendo potenciais fracassos em sucessos. Tramas como A Padroeira (2001), Morde & Assopra (2011) e O Outro Lado do Paraíso (2017) derraparam no início, mas reagiram após intervenções.

Parecia que a história se repetiria em Terra e Paixão. A saga de Aline (Barbara Reis) não emplacou de cara, obrigando Carrasco a recalcular a rota. E o novelista foi radical, praticamente resetando sua história. Mas, nesta busca por mais público, o autor acabou se perdendo. Não é a primeira vez que uma novela do escritor muda da água pro vinho, mas Terra e Paixão mostra que o autor parece perdido, sem saber bem como reverter a crise.

O fio condutor original da trama das nove da Globo já se perdeu totalmente. O duelo entre Aline e Antônio (Tony Ramos) pelas terras da mocinha foi praticamente esquecido no churrasco. A mocinha ainda luta para “plantar e colher em sua terra vermelha”, mas tal intenção parece ter cada vez menor importância. Até porque foi inventado que o local possui diamantes, o que mudou o foco da briga.

Até aí, tudo bem. O problema é que parece que nem a briga pelos diamantes decola. A volta de Agatha (Eliane Giardini), que claramente não estava prevista, ofuscou qualquer embate mais incisivo entre Antônio e Aline. Atualmente, a novela foca nos planos da morta-viva em depenar o ex-marido, fazendo a mocinha se tornar coadjuvante numa história que deveria ser sua.

E mais: ao transformar Agatha na grande atração de Terra e Paixão, o autor mina qualquer possibilidade de dar espaço a personagens que estão buscando um lugar ao sol desde o início da novela. É o caso de Irene (Gloria Pires), anunciada como a grande vilã, mas cuja trajetória está bastante aquém do talento e da presença de sua intérprete.

A impressão que fica é que o autor “ressuscitou” Agatha para promover uma reviravolta, mas não sabe bem o que fazer com este novo entrecho que criou. Isso faz com que Terra e Paixão não tenha uma trama verdadeiramente consistente, capaz de envolver o público. A prova de que a novela praticamente não tem história é o excesso de mistérios que Carrasco e Thelma Guedes vem lançando.

Há o mistério em torno do passado de Agatha, e também sobre quem mandou matar Daniel (Johnny Massaro), ou ainda, mais recentemente, o enigma em torno da identidade do abusador de Petra (Debora Ozório), que revelou ter sofrido violência sexual quando criança. Tudo gira em torno de segredos e a trama simplesmente não anda.

E o pior é que essa bomba ainda deve ficar no ar até janeiro de 2024. Ao que tudo indica, Carrasco vai continuar “testando” histórias até conseguir bater a meta de audiência. Enquanto isso, a coerência vai sendo jogada às favas e a novela vai ficando mais desinteressante a cada dia. São tantos remendos que Terra e Paixão mais parece uma “novela Frankenstein”. 

André Santana

09/09/2023

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3 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Nitidamente, Walcyr Carrasco busca índices de audiência. Surfa no que está dando certo e corta o que está dando errado. É uma novela em construção com um roteiro frágil desde a sua concepção. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Tentou surfar no sucesso da pantanal con uma história criada rapidamente

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  2. Walcyr Carrasco mostrando mais uma vez suas limitações para o horário das nove. Não é horário para ele. Sabemos muito bem que o forte dele é a comédia. Às nove, o drama deve prevalecer. Aí ele se perde e não sabe como conduzir uma novela. Já havia acontecido isso nas tramas anteriores dele no horário. Só que a audiência alta mascarava os milhões de problemas. Agora, tudo está bem nítido e sem od números para disfarçar.

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