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"Vai na Fé" resgata a boa novela das sete

Sheron Menezzes, Bella Campos e Samuel de Assis em Vai na Fé
Sheron Menezzes, Bella Campos e Samuel de Assis em Vai na Fé (divulgação)

O horário das sete é um dos mais complicados da Globo, já que reúne espectadores de todos os tipos. Não por acaso, os folhetins da faixa tendem a mirar em todas as direções, falando com o maior número de pessoas possível. Não é uma fórmula fácil, tanto que, nos últimos anos, houveram mais erros que acertos.

Neste contexto, Vai na Fé se enquadra como um dos maiores destes acertos. A trama de Rosane Svartman devolveu ao público o prazer de assistir uma boa novela das sete, reunindo alguns dos ingredientes mais básicos do folhetim. A trama não reinventou a roda, mas ofereceu doses generosas de romance, humor, ação, drama e, de quebra, uma pitada de reflexão. E tudo funcionou muito bem.

Rosane, aliás, se firma como uma profunda conhecedora do público do horário. Trata-se do terceiro sucesso que a autora emplaca no horário - os dois primeiros, Totalmente Demais (2015) e Bom Sucesso (2019), assinados com Paulo Halm. As três tramas, aliás, são “parentes”: é fácil reconhecer o DNA da novelista em cada uma delas.

Assim como suas antecessoras, Vai na Fé apostou num tom de crônica cotidiana bem humorada. A protagonista, Sol (Sheron Menezzes), foi concebida como uma mulher comum, com conflitos com os quais o público se reconhece. Basicamente, é uma jovem mãe arquetípica, capaz de tudo pela família. O traço da religiosidade aumentou tal identificação, ainda mais porque isso foi usado como um conflito inicial muito interessante, quando a mocinha se viu dividida entre a carreira no funk e os valores de sua fé.

O tom leve e otimista deu o colorido da novela ao longo de seus meses no ar. Na reta final, no entanto, Vai na Fé ficou mais pesada quando o foco passou a ser a investigação sobre os crimes sexuais do vilão Theo (Emilio Dantas). Sem dúvidas, a abordagem com os pés fincados na realidade pode ter gerado gatilhos no público. Este jornalista que vos escreve, por exemplo, ouviu de uma amiga próxima que ela abandonou a novela por achar a abordagem muito pesada (uma mulher evangélica, diga-se). Ou seja, Rosane tocou numa ferida que parte da audiência tem dificuldades em lidar. 

Ainda assim, o fato de Theo ser um homem aparentemente boa-praça que esconde desvios de caráter também se revelou um acerto da novela. Afinal, ao contrário dos sociopatas malucos que habitam as novelas, Theo era um vilão de cores reais. Assim como Sol, ele também é alguém reconhecível. Talvez por isso mesmo, ele despertasse tanto asco da audiência. Um excelente vilão, feito com maestria por Emilio Dantas.

Aliás, toda a galeria de personagens de Vai na Fé se mostrou reconhecível. Lumiar (Carolina Dieckmann), por exemplo, poderia cair na vilã caricata nas mãos de um outro autor. Mas Rosane a construiu de um modo do qual era possível compreender suas motivações. Lumiar não era má, mas tomava atitudes questionáveis. Seu arco foi muito bem desenvolvido e Carolina Dieckmann brilhou em cena como há muito tempo não se via. Outro destaque foi Renata Sorrah como a infalível atriz deslumbrada Wilma. Foi por meio da personagem que Rosane Svartman homenageou o gênero novela, com muita classe, diversão e “fan service” aos baldes.

Vai na Fé também acertou em cheio com seu elenco diverso. O merecido protagonismo a Sheron Menezzes demorou a aparecer, mas finalmente veio, e em grande estilo. Samuel de Assis foi um galã eficiente e uma grata revelação. Mais uma vez, a novela gerou identificação, o que ajuda a explicar seu sucesso.

Mesmo com uma barriga protuberante na reta final - vamos combinar que o último mês foi uma grande enrolação? -, Vai na Fé sai de cena dona de todos os méritos. Uma ótima trama que alcançou merecido sucesso. 

André Santana

12/08/2023

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3 Comentários

  1. Novelão e a melhor trama do ano com folgas.

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  2. Olá, tudo bem? Já divulguei no meu blog o balanço final com os pontos positivos e negativos de Vai na Fé. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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