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"Sol Nascente" termina sem dizer a que veio

Dando continuidade à nova política de encerrar uma novela no dia em que lhe dá na telha, a Globo exibiu hoje, terça-feira, 21, o último capítulo de Sol Nascente, trama de Walther Negrão, Julio Fischer e Suzana Pires. A trama não conseguiu sustentar os ótimos índices de audiência de sua antecessora, Eta Mundo Bom!, mas esteve longe de ser uma decepção: estreou um pouco em baixa, mas viu seus índices subirem no desenrolar do enredo e terminou com ótima audiência.

No entanto, mesmo com a curva ascendente, fato é que a novela das seis não disse a que veio. A trama começou sonolenta, baseada numa desinteressante história de amor envolvendo dois amigos de infância, Alice (Giovanna Antonelli) e Mário (Bruno Gagliasso), e com um vilão a tiracolo de olho na mocinha, César (Rafael Cardoso). Em meio ao triângulo, a união de duas famílias, uma italiana e uma japonesa, cujos patriarcas Gaetano (Francisco Cuoco) e Tanaka (Luis Mello), nutriam uma forte amizade. No entanto, até mesmo a boa intenção de se homenagear imigrantes que fizeram o Brasil ficou pelo caminho: primeiro, pelo equívoco na escalação de atores ocidentais para viverem os orientais; e depois, pelos clichês amplamente explorados. Não há dúvidas de que Luis Mello, grande ator, fez um belo trabalho como Tanaka, e a gente até se acostumou com ele no decorrer dos capítulos. Mas a Globo perdeu uma grande oportunidade de fazer com que orientais se sentissem legitimamente representados. Quase não há orientais em novelas, fato grave.

Sobre a trama em si, nada inicialmente chamou a atenção e tudo se desenvolvia em banho-maria. Em meio a tanto marasmo, destacou-se a Dona Sinhá, vivida pela magistral Laura Cardoso. Após acumular vovozinhas simpáticas ou velhinhas carolas rabugentas em outras produções, Laura finalmente voltou ao elenco principal de uma novela vivendo uma inusitada “vovó do mal”. Sinhá se fazia de velhinha simpática, que contava histórias e fazia doces, enquanto planejava artimanhas e assassinatos para colocar em prática uma vingança contra Tanaka. No meio de uma novela inicialmente insípida, Sinhá foi um sopro de criatividade e que encantou.

Laura Cardoso precisou se ausentar por vários capítulos em razão de problemas de saúde, e Sol Nascente perdeu seu principal trunfo. Seguiu em banho-maria, com a história de amor sem graça de Alice e Mário, e as armações sem muita inspiração do vilão César. Entretanto, quando Sinhá retornou, Sol Nascente conseguiu sair da inércia. Além de ela assumir de vez as vilanias da novela, a história acabou ganhando mais reforço e agilidade nas tramas paralelas. Destacou-se, principalmente, a trama envolvendo Lenita (Letícia Spiller), Vittorio (Marcello Novaes) e Loretta (Claudia Ohana). Sol Nascente ganhou mais ritmo, mas a história, mesmo assim, não trouxe lá grandes emoções. A trama foi tanto pelo caminho mais óbvio que terminou, até, no indefectível sequestro de último capítulo, quando César carregou Alice mar adentro, e Mário tratou de salvar a mocinha indefesa.

Sol Nascente, assim, foi uma novela simpática, mas só. Acabou sendo uma trama de uma única personagem, tamanha a força da vilã Sinhá. No mais, foi a velha trama arroz-com-feijão, com praia e boas paisagens, que Walther Negrão costuma oferecer sempre. Aliás, até mesmo o jogo envolvendo avó e neto, no caso Sinhá e Cesar, remeteu a outra trama do autor, Desejo Proibido, no qual a avó Cândida (Eva Wilma) manipulava o neto Henrique (Daniel de Oliveira) para conseguir o que queria. Negrão deixou a obra por problemas de saúde, e seus discípulos Julio Fischer e Suzana Pires levaram a história dignamente, mas sem arroubos de criatividade. Atendeu o público típico do horário, mas ficou faltando alguma coisa.

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André Santana

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2 Comentários

  1. Laura Cardoso é maravilhoooosa! Pena que a novela era ruim pra caramba!

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    1. Pois é! Um trunfo em meio a uma sucessão de erros...

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