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História da TV: Os 18 anos de "Ilha Rá-Tim-Bum" - parte 2


Anteriormente, no TELE-VISÃO: semana passada, relembramos aqui que o infantil Ilha Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, completou 18 anos no último dia 01 de julho. A atração, inicialmente concebida como um spin-off do Castelo Rá-Tim-Bum, que seria chamado de Fazenda Rá-Tim-Bum, passou por diversas mudanças e dificuldades, estreando apenas cinco anos depois do previsto, já com novo nome e novo conceito.

Ilha Rá-Tim-Bum estreou no dia 01 de julho de 2002. Para a exibição, a Cultura adotou uma estratégia semelhante à do Castelo, promovendo três exibições diárias para atingir diversas faixas de público: às 12h30, 15h30 e 19h30. Ao contrário de Rá-Tim-Bum e Castelo Rá-Tim-Bum, que eram formados por quadros educativos e didáticos, Ilha Rá-Tim-Bum tinha o formato de série de aventura, sem quadros fixos. Seu lado educativo era a mensagem ecológica. Por meio das aventuras, a série discutia assuntos como História, ciências, preservação ambiental e sustentabilidade.

A história da série criada por Flavio de Souza começava quando cinco jovens num barco naufragam e vão parar numa ilha misteriosa. São eles: Gigante (Paulo Nigro), Rouxinol (Greta Eleftheriou), Majestade (Thuanny Costa), Micróbio (Rafael Chagas) e Raio (Abayomi de Oliveira). Sem terem como voltar pra casa, os jovens se unem para sobreviverem na ilha, ao mesmo tempo em que conhecem os habitantes do local.

Logo, eles se tornam amigos de Hipácia (Graziella Moretto), uma misteriosa mulher que já viveu muitos anos e testemunhou muitos momentos da História. Meio bruxa, meio alquimista, Hipácia esconde muitos segredos que vão se revelando aos poucos na série. Ela se torna meio “mãezona” do grupo de jovens, protegendo-os dos ataques do monstro Nefasto (Ernani Moraes), uma figura vil que tem um plano maléfico de dominação mundial. O vilão conta com a ajuda de seus capangas Zabumba (Luciano Gatti), um zangão, e Polca (Liliana Castro), uma libélula, e passa a vigiar os jovens, estudando-os para tentar compreender como a humanidade funciona e dominá-la.

Os cinco amigos também conhecem outras criaturas fantásticas da ilha, como Solek (Luiz de Abreu), que é meio homem e meio lagarto, e Nhã-Nhã-Nhã (Angela Dipp), que é meio mulher e meio aranha. Quem se junta a eles também é Suzana (Magda Crudelli), uma espécie de cobra peluda que se torna amiga inseparável de Rouxinol. E vivem por ali os Coisos, uma estranha família de monstros formada por Coiso (Henrique Stroeter), Coisa (Keila Bueno) e Coisinho (Hugo Picchi Neto). Eles têm medo dos humanos e quase não se aproximam, mas são criaturas curiosas que passam o dia tentando adivinhar pra que servem os estranhos objetos que encontram nas mochilas das crianças. Havia ainda o tatu Rá (Pedro Mariano), o pássaro Tim (Fernanda Takai) e o bicho-preguiça Bum (Bukassa Kabengele), três bonecos que narravam a história.

O interessante de Ilha Rá-Tim-Bum era que ele se desenrolava como uma série de aventura própria para crianças mais velhas, com tramas mais obscuras e até momentos com alguma dose de violência. O texto de Flavio de Souza buscava fazer uma espécie de recriação da história da humanidade, mostrando a evolução dos protagonistas e como eles iam se desenvolvendo e modernizando ao viver na ilha. Paralelamente, a trama tinha vários mistérios que iam sendo desvendados aos poucos, descortinando a origem da ilha e de seus habitantes. Assim, cada episódio trazia uma trama fechada, mas ia desenrolando uma trama maior que permeia toda a temporada. Na reta final, Ilha Rá-Tim-Bum se torna quase uma novelinha, com ganchos que vão denunciando o desfecho da história.

Durante a trama, os cinco jovens conhecem a história de Arielibã (Ernani Moraes), um sábio alquimista que vivia com Hipácia e fazia experimentos para buscar proteger a natureza. Éle aparece como um espírito, que guia os jovens e Hipácia. Apenas na reta final, é revelado que  Arielibã foi vítima de uma de suas experiências, fundindo-se a um micróbio e se tornando Nefasto. Assim, quando as crianças descobrem que Nefasto é um “homem micróbio”, traçam um plano para derrotá-lo em definitivo. 

Além deste principal mistério, Ilha Rá-Tim-Bum também guardou outros “plot twists”, como o fato de Suzana ser, na verdade, uma espiã de Nefasto; e também a regeneração de Polca que, aos poucos, se volta contra o vilão. No final da história, as crianças derrotam Nefasto e conseguem deixar a ilha, tornando-se grandes amigos.

Ilha Rá-Tim-Bum foi exibida entre julho e setembro de 2002. Depois, foi reprisada constantemente entre 2003 e 2005. Mas nunca teve grande audiência, e acabou deixando a grade da emissora, retornando apenas na programação da TV Rá-Tim-Bum. Mesmo assim, rendeu um longa-metragem para o cinema, Ilha Rá-Tim-Bum: O Martelo de Vulcano (2003), que também passou em brancas nuvens. O longa, na verdade, é bem fraquinho, já que é todo rodado nos mesmos cenários da série, extremamente artificiais, que não funcionaram no cinema. Para o filme, Liliana Castro não retornou ao papel de Polca, sendo substituída por Bárbara Paz (que chegou a ser testada para a série anos antes). Já Henrique Stroeter, que vive Coiso na série, assume o papel de Solek no filme, substituindo Luiz de Abreu.

Vale ressaltar que Angela Dipp, a Nhã-Nhã-Nhã, é a única atriz a participar de todos os programas da grife Rá-Tim-Bum. Ela aparece em Rá-Tim-Bum como membro da Família Teodoro, aquela que ensinava ao público brincadeiras com cordas, bambolês e outros objetos (“e com vocês, a família Teodoro!”, lembra?). Já em Castelo Rá-Tim-Bum, Angela se imortalizou como a jornalista Penélope. Em Ilha Rá-Tim-Bum, ela é a rabugenta Nhã-Nhã-Nhã, a aranha que conta histórias às crianças. Já Henrique Stroeter, o Coiso, esteve também no Castelo Rá-Tim-Bum como Perônio, o cientista irmão gêmeo de Tíbio, vivido por Flavio de Souza, o criador de Ilha Rá-Tim-Bum (ufa!).

Vale destacar também a luxuosa trilha sonora. Os episódios eram encerrados com clipes de canções dos personagens, interpretados por grandes nomes da música brasileira, como Gilberto Gil (que cantava "Pessoa Nefasta", tema de Nefasto). Já a deliciosa canção de abertura era interpretada por Pedro Mariano, Fernanda Takai e Bukassa Kabengele, que também davam voz aos bonecos Rá, Tim e Bum, os narradores. 

Por conta do pouco sucesso, Ilha Rá-Tim-Bum é pouco marcante e muito pouco lembrada. Mas é uma série divertida, muito bem-feita, e que merecia ser revisitada. Uma nova reprise na TV Cultura não seria uma ideia ruim.

André Santana

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6 Comentários

  1. Pergunta da primeira parte do post respondida no texto da parte 2: era o Paulo Nigro hahahaha.

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  2. Olá , só uma pequena correção, o nome do filme é "O martelo de Vulcano" na vdd , eu lembro de ter ido ver esse filme no cinema na época.Que na prática estava mais para um episódio estendido da série do que um longa,que por indícios se passaria mais ou menos na metade da série, apesar de alguns paradoxos.Porém o considero melhor que o filme do castelo rá tim bum de 1999, que era praticamente outra história.

    Ilha na vdd é uma boa série,tem uma pegada diferente dos outros produtos da cultura como Castelo Rá Tim Bum (outro q vale um texto próprio hehe),lembro muito bem de ter acompanhado na época, muito do que a fez "patinar" foi carregar o nome da franquia Rá Tim Bum , o que fez com que esperassem mto dela,apesar de ser uma proposta muito boa,com personagens com caraterísticas mais bem definidas e trabalhadas,principalmente no vilão Nefasto,claramente baseado em Ditadores totalitários ( tanto que inúmeras vezes na série ele é visto assistindo a discursos dos mesmos e tentando imitar suas falas e trejeitos).

    Queria deixar aqui uma sugestão de matéria do blog ,falar sobre o seriado policial da CNT "PISTA DUPLA" de 1996, uma série interessante q fez sucesso na época, e contava com pessoas q futuramente seriam conhecidas do público. Obrigado desde já ,o conteúdo é fantástico aqui no blog.

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    1. Oi Bruno! Opa, tem razão, escrevi o nome do filme errado. Vou corrigir, obrigado! E creio que você tem razão. Como esta série é bem diferente de suas anteriores, talvez ela tenha tido uma recepção melhor se não carregasse o título da franquia "Rá-Tim-Bum". O Rá-Tim-Bum original e o Castelo "dialogam", mas a Ilha não tem nada a ver com estes. E boa observação sobre o Nefasto. Na verdade, o roteiro da série é todo muito inteligente, cheio de referêcias e boas sacadas. E obrigado pela sugestão sobre Pista Dupla. Lembro que esta série até voltou a ser reprisada pela CNT há alguns anos, hehe! É uma "pérola"! Abraço e continue participando!

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  3. Boas observações, João Paulo. Suas colocações devem ajudar a explicar o insucesso da série, sim. Mas vou um pouco além: o contexto do lançamento da produção. Ilha estreou numa Cultura em crise, com baixa audiência generalizada e poucos investimentos em programação. Rá-Tim-Bum e Castelo estrearam numa Cultura efervescente, cheia de produtos bons e bem-sucedidos. Acho que isso também explica o insucesso. Afinal, é mais fácil fazer sucesso quando toda a grade registra uma boa audiência, o que não era o caso em julho de 2002 na Cultura. Abraço!

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  4. Quando passou pro sabado o cruj eu parei de ver..o legal eraa tv pirata ultra jovem
    .via desde que era so meninos e quando entrou a maluca

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