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"Quem quer pão?" |
No início do século 21, haviam algumas figuras que eram
habitués dos programas de entrevistas e revistas que destacavam o cotidiano dos
ricos e famosos. Uma delas era Vera Loyola, socialite emergente que enriqueceu
tocando uma rede de padarias no Rio de Janeiro. Vera aparecia muito na TV e nas
revistas, pelos mais variados motivos. Dentre seus “feitos”, estavam seu carro
com tapete persa e uma festa de aniversário para sua cachorra Pepezinha que deu
o que falar. Eram tempos mais ingênuos...
Tamanha popularidade rendeu à Vera o convite para assumir um
programa de auditório no horário nobre da CNT, hoje completamente jogada às
traças (e aos telecultos). O Programa
Vera Loyola estreava no dia 31 de maio de 2001, e era exibido às
quintas-feiras, por volta das 22 horas. Num cenário cafona toda vida e mais
escuro que a Batcaverna, Vera tinha um sofá onde recebia convidados, tal qual
Hebe Camargo. Ao seu redor, indefectíveis tapetes persas, um mordomo gay
afetadíssimo (Silva, vivido pelo ator Gil Latoreira) e uma cachorrinha que
carregava as fichas da apresentadora.
Além dos tapetes, do mordomo e do cachorro, outro elemento
facilmente associado ao universo da socialite estava no programa: o pão. No quadro
“O Pão e a Baguete”, Vera recebia um homem (o pão) e uma mulher (a baguete),
que se destacaram por algum motivo. Eles contavam suas histórias e ganhavam um
mimo de Vera Loyola: uma cestinha de pães vinda de uma de suas padarias.
E isso não é tudo. Esbanjando originalidade, Vera Loyola
comandava o quadro “Pra Quem Você Estende o Tapete”, uma versão persa do “Pra
Quem Você Tira o Chapéu” do Programa Raul
Gil. Nele, Vera recebia convidados que estendiam ou não o tapete para
várias personalidades. Sobre o quadro, o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos
escreveu, em julho de 2001: “Imaginem que uma das atrações de Vera Loyola
quinta-feira passada foi o nosso fofo Rubens Ewald Filho, coitado, anunciado o
tempo todo pela emergente como Ewaldo. Com aquelas bochechinhas, aquele
cavanhaque, debaixo da escuridão do CNT, Ewald parecia o Boris, não o Casoy,
outro fofo, mas o Boris Karloff dos filmes de terror. Lá em casa todos morremos
de medo quando Ewaldo, desiluminado, sem aquela maquiagem que nas noites de Oscar
fazem róseas porcelanas suas bochechas, negou-se a estender o tapete para Marta
Suplicy (...). Ewald fez uma cara enfezadinha para a câmera e disse: ‘Não,
Vera, não estendo o tapete para Marta porque já dividi camarim com ela no tempo
da Globo. E ela nunca falou comigo. Não estendo o tapete porque Marta é
arrogante’”.
E tudo isso era embalado pela inacreditável música-tema do
programa, que Vera revelou ao jornal Folha de S. Paulo que tinha sido composta
“por um fã”. A letra dizia: “Sou mais Vera Loyola, que vive do dinheiro do seu
pão/ Tem festa toda hora, até pra cadela de estimação/ Sou mais Vera Loyola,
cansei de ouvir falar em tradição”. Vera estava tão empolgada na época da
estreia, que revelou na mesma Folha de S. Paulo: "Minha música vai se
tornar um hino pop, daqui a pouco todo mundo vai estar cantando”. Na mesma
entrevista, concedida à repórter Claudia Croitor e publicada em 27 de maio de
2001, ela concluiu: “Eu não sou uma artista, só vou viver com os artistas. Sou
uma socialite popular. Mas eu tenho alguns títulos além de socialite. Sou
empresária, apresentadora de TV, escritora... Eu sou Vera Loyola, é melhor do
que isso tudo”.
André Santana
4 Comentários
Pior é que eu me lembro disso. Era horrível!
ResponderExcluirEu assistia direto! Sempre tive certo fascínio pelo tosco, rsrs!
ExcluirNoooooooossa, desenterrou um esqueleto e tanto! Nem me lembrava disso! Cheguei a assistir, mas o cenário escuro me dava aflição. Que ótimo resgate, continue trazendo mais coisas do lado B da história da TV pra gente!
ResponderExcluirTrarei sempre que possível! Adoro essas histórias!
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