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Renascer e Elas por Elas: afinal, um remake precisa ser totalmente fiel à obra original?

Elenco de Elas por Elas
Elenco de Elas por Elas (divulgação)

Atualmente, a Globo exibe dois remakes em suas faixas de novelas inéditas. Às 18h, vai ao ar Elas por Elas, baseada no clássico de Cassiano Gabus Mendes de 1982. Já às 21h, a aposta é em Renascer, enorme sucesso de Benedito Ruy Barbosa de 1993. Curiosamente, apesar de ambas serem remakes, cada uma delas segue um formato distinto.

Thereza Falcão e Alessandro Marson, responsáveis pela novela das seis, fizeram inúmeras alterações na obra original. Eles optaram por manter a estrutura central, mas injetaram substância nas tramas, que eram mais simples e com tom de crônica originalmente. Atualmente, a trama segue rumos completamente distintos aos da versão original.

Já Bruno Luperi, que atualiza o texto de Renascer, optou por respeitar a versão original, escrita por seu avô. O autor atualiza as tramas, injeta temas contemporâneos e até corrige erros, fazendo uma mudancinha aqui e outra ali. Mas os rumos da história não chegam a ser drasticamente alterados. Assim como fez em Pantanal (2022), em Renascer Luperi deve manter o destino dos personagens inalterado. 

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Reclamações

Venâncio (Rodrigo Simas) e Buba (Gabriela Medeiros) em Renascer
Venâncio (Rodrigo Simas) e Buba (Gabriela Medeiros) em Renascer (divulgação)

Em ambas as propostas, existem reclamações. Há quem diga que a dupla de autores da novela das seis “estragou” Elas por Elas com tantas modificações. Por outro lado, há quem se revolte com o neto de Benedito Ruy Barbosa por manter até mesmo os “defeitos” das tramas originais escritas pelo avô.

Em Pantanal, por exemplo, muita gente reclamou que Madeleine (Karine Teles) morreu. Afinal, se sabia que, na primeira versão, a personagem só morreu porque a atriz Ittala Nandi pediu para deixar a produção. A revolta foi ainda maior quando Luperi desfez o casal preferido do público, Irma (Camila Morgado) e Trindade (Gabriel Sater). Na primeira versão, eles só não ficavam juntos porque Almir Sater, intérprete do Trindade original, foi escalado para A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991), trama substituta de Pantanal na Manchete.

Já em Renascer, observa-se uma revolta quanto à iminente morte de José Venâncio (Rodrigo Simas). Na primeira versão, o personagem só morreu porque o ator Taumaturgo Ferreira foi tirado da novela. Na época, Benedito Ruy Barbosa não teria gostado do tom “sofisticado” dado pelo ator ao personagem e optou por tirá-lo de cena.

Na atual novela das nove, Venâncio começa a ganhar a torcida do público ao formar um adorável casal com Buba (Gabriela Medeiros). Por isso mesmo, já tem gente implorando para que Bruno Luperi não elimine o personagem desta vez.

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Outra história

Karine Teles como Madeleine em Pantanal
Karine Teles como Madeleine em Pantanal (divulgação)

Na época de Pantanal, Bruno Luperi explicou que manteve os rumos da novela porque, caso fizesse alterações, não seria mais Pantanal, e sim outra história. Recentemente, ele voltou ao assunto em uma entrevista e disse que, se optasse por não “matar” determinado personagem, toda a história seria modificada a partir daí.

Em suma: segundo Luperi, se Venâncio sobreviver em Renascer, o romance de Buba com José Augusto (Renan Monteiro), que acontece depois, seria afetado. Ou seja, manter Venâncio no ar implicaria em dar novos rumos a ele, Buba, Augusto, Eliana (Sophie Charlotte)...

Mas será que não seria saudável criar novas histórias em meio às tramas já conhecidas, justamente para surpreender o público? Afinal, apesar de ser uma trama conhecida, é uma outra novela. E, como tal, poderia trazer alguma surpresa. A impressão que fica é que Bruno Luperi é apegado demais ao texto do avô e prefere não mexer em vespeiro, mantendo tudo como está. O autor não quer correr o risco de errar.

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Mudanças benéficas

Elas por Elas está beeem longe de repetir o sucesso da versão original. No entanto, Thereza Falcão e Alessandro Marson foram felizes nas mudanças propostas. Eles amarraram melhor os personagens e mantiveram o foco nas protagonistas, enquanto a primeira versão era mais focada mesmo em Mário Fofoca (Luis Gustavo). Na verdade, refazer Elas por Elas exatamente igual à primeira versão seria inviável, já que ela seguia um formato muito daquela época, mais simples. Não funcionaria atualmente.

Tanto que outros remakes de Cassiano Gabus Mendes seguiram pelo mesmo caminho. Maria Adelaide Amaral assinou novas versões de Anjo Mau (1996) e Ti Ti Ti (2010) e acertou em cheio nas mudanças propostas. A autora as transformou em novas novelas, com rumos distintos aos das versões originais, mas igualmente interessantes.

Daniel Ortiz foi outro que reinventou Sassaricando (1987) em Haja Coração (2016). O autor até fez o que Bruno Luperi não faria: salvou da morte uma personagem! Na primeira novela, Teodora Abdalla (Jandira Martini) morria logo no início da trama. Já na segunda, Teodora (Grace Gianoukas) é dada como morta, mas reaparece mais adiante.

Já Silvio de Abreu optou por manter Guerra dos Sexos (1983) intacta no remake de 2012 e deu no que deu. A trama ficou datada e foi um grande fiasco. Ou seja, Bruno Luperi poderia abrir um pouco a mente e tentar sair da zona de conforto. Pode ser um exercício interessante.

André Santana

17/02/2024

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3 Comentários

  1. Olá, tudo bem? É necessário respeitar a alma da obra original. Infelizmente, os adaptadores e direção de Elas por Elas fugiram do espírito do Cassiano Gabus Mendes. Poderiam ter optado por um novo título, como ocorreu em Haja Coração. Enfim... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  2. A palavra mesmo diz: remake, portanto tem sim, ser fiel ao original. E os autores de Elas por Elas mesmo não usam o termo remake e sim releitura. Poderia se útilizar também reboot. Mas definitivamente remake nao é. Mas o problema mais grave é que a novela não tem a alma e o espírito de Cassiano Gabus Mendes. A dupla Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari souberam preservar a essência do autor e não fizeram outra história . Tititi (que se somou clm Plumas e Paetes) e Anjo Mau mesmo atualizadas e com modificações, você nunca iria dizer que não é uma novela do Cassiano Gabus Mendes. Também conta que Maria Adelaide já tinha trabalhado com o autor e sabia como adaptar a novela sem descacterizá-la. Infelizmente Janete Clair não teve essa sorte. Somente em O Astro continuamos a ver Janete Clair. Irmãos Coragem e Pecado Capital não mantiveram isso. Glória Perez, embora tenha trabalhado com a autora Pecado Capital parecia mais uma novela de Perez do que Clair. Enfim se é remake, tem ser fiel a proposta e essência da história original. Caso contrário é releitura ou reboot portanto Alessandro Marson e Theresa Falcão não enganaram o público, e sim a Globo que divulgou a novela como remake antes da estréia.

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  3. Ah, e só pra completar, basta ver a audiência né gente. Renascer está com ótima audiência superando as expectativas da Globo segundo NTV e Gabriel Vaquer. Mesmo nessa segunda fase. Já Elas por Elas ninguém gosta: audiência, crítica e redes sociais. Lembrando que não estou generalizando porque sempre tem alguém que acha o contrário e está tudo certo.

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