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Sofia (Elis Cabral) e Leo (Clara Moneke) em Dona de Mim (Manoella Mello) |
Houve um tempo em que a novela das sete da Globo era essencialmente de comédia. Nomes como Cassiano Gabus Mendes, Silvio de Abreu e Carlos Lombardi imprimiram este estilo na faixa que funcionou muito bem durante muitos anos.
Mas, ao que tudo indica, essa era já passou. Atualmente, vivemos a era da novela das sete “agridoce”. Ou seja, uma novela bem-humorada, mas calcada no drama e no cotidiano. Em sua quarta incursão na faixa, Rosane Svartman se firma como o grande nome deste “novo” estilo de novela das sete.
Estreia da semana na Globo, Dona de Mim reforça esse estilo e mostra que o público aprova o formato. Tanto que a trama estreou com bons índices de audiência e dá sinais de que deve se tornar um novo sucesso na faixa, reafirmando a boa mão da autora para dialogar com o público do horário.
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Noviça rebelde
Dona de Mim é centrada na protagonista Leo (Clara Moneke), uma jovem alegre e que faz de tudo para segurar as pontas da família. Nesse caminho, ela acaba se tornando babá de Sofia (Elis Cabral), mesmo não sendo lá muito boa com crianças. Trabalhando na casa da rica família Boaz, ela desperta o interesse dos irmãos Samuel (Juan Paiva) e Davi (Rafael Vitti).
Ou seja, em sua nova novela, Rosane Svartman faz uma espécie de versão moderna da Noviça Rebelde, narrando a trajetória de uma babá que, de um jeito “diferentão”, acaba conquistando toda uma família. No entanto, os personagens da trama são todos pessoas “reconhecíveis”, o que faz de Dona de Mim uma trama leve, mas com os pés no chão.
A novela tem momentos divertidos, mas passa longe da comédia rasgada. Na verdade, toda a estrutura da história é calcada nos dramas cotidianos, o que torna fácil a identificação do público com a história. Trata-se de algo já visto em Vai na Fé (2023), último sucesso da faixa, o que mostra que o espectador aprova esse tipo de história.
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Vida real
As novelas das sete clássicas, além da comédia rasgada, já ofereceram boas doses de fantasia. O horário já abrigou histórias como Olho no Olho (1992), com paranormais; ou Um Anjo Caiu do Céu (2001) e Sete Pecados (2007), que trazia anjos na trama; ou ainda Vamp (1991) e O Beijo do Vampiro (2002), com vampiros, e Kubanacan (2003), que tinha até viagem no tempo.
Ao que tudo indica, histórias mais fantasiosas já não fazem mais a cabeça do público como no passado. Tanto que Quanto Mais Vida Melhor (2021), que tinha a Morte (A Maia) como uma das protagonistas e teve até troca de corpos, não chamou a atenção do público. Enquanto isso, Bom Sucesso (2019), trama que falava de morte de uma maneira delicada, conseguiu alcançar o sucesso.
Com isso, a tendência é que a faixa das sete fique cada vez mais focada em dramas próximos da realidade, mas tratados de maneira terna e sensível. Volta por Cima (2024) já seguiu nesta trilha. Próxima trama da faixa, Coração Acelerado também deve beber desta fonte.
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Agridoce
Enquanto isso, Fuzuê (2023), que foi uma tentativa de resgatar a novela das sete nonsense, foi um enorme desastre. Família É Tudo (2024), por sua vez, também apostou na comédia, mas muito mesclada com aventura e mistério.
Assim, fica claro que, atualmente, o público que acompanha as novelas das sete prefere histórias mais agridoces e menos alopradas. Bem ao estilo de Rosane Svartman, atualmente uma das novelistas mais festejadas da nova geração. O sucesso inicial de Dona de Mim mostra que essa “nova novela das sete” veio para ficar.
André Santana
03/05/2025
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