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Cópia brasileira de Chaves foi recusada por Record e RedeTV

Miguelito (Eduardo Estrela) e Bolão (David Fantazzini) em Miguelito
Miguelito (Eduardo Estrela) e Bolão (David Fantazzini) em Miguelito (reprodução)

Em 1999, as produtoras GGP Produções e Câmera 5, que produziam o humorístico Escolinha do Barulho para a Record, apostaram suas fichas numa nova série infantil. Miguelito girava em torno do personagem-título, um garoto de rua que aprontava confusões com seus amigos, habitantes de uma simpática vila.

Soa familiar? Sim, Miguelito tinha a mesma premissa de Chaves, embora seu diretor, Milton Neves (não, não era o jornalista esportivo), negasse qualquer cópia. "A forma é parecida, o que muda é o recheio", afirmou o diretor à Folha de S. Paulo, em 5 de dezembro de 1999.

"O programa desenvolve uma linguagem na linha do pastelão, como faziam o infantil Vila Sésamo e a comédia Os Três Patetas”, diferenciou Neves, que faleceu em 2018.

Ainda segundo a Folha de S. Paulo, a atração estava sendo produzida para a Record. E, além de Miguelito, Neves trabalhava em outro infantil, Turma da Popola, que, inicialmente, seria comandado pela “rainha das embaixadinhas” Milene Domingues. Porém, como ela engravidou na época, Neves escalou outra apresentadora.

"A apresentadora será uma famosa atriz de novelas, em início de carreira, mas não posso dizer seu nome por causa do contrato dela com uma emissora", contou. "Milene chegou a gravar alguns programas, mas as coisas não deram certo porque ela engravidou. Mas ainda estamos estudando um outro projeto com ela para o futuro", finalizou o diretor.

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Rejeitado pela Record

Turma da  Popola nunca viu a luz do dia. Já Miguelito teve mais de 20 episódios gravados. A Record, inclusive, chegou a marcar a data de estreia: 31 de janeiro de 2000. Porém, o dia em questão chegou e nada de Miguelito entrar no ar. A Record adiou a estreia para março e, depois, simplesmente desistiu de exibir a série, pois considerou a produção cara.

Com isso, o programa foi oferecido pela então “recém-nascida” RedeTV, que havia acabado de cancelar seu programa infantil Galera da TV. Como isso, Miguelito foi escolhido para substituir a sitcom estrelada por Andrea Sorvetão.

“Apenas veiculamos a série. Existem 22 episódios prontos. A audiência e a resposta do público à atração é que vão dizer se a série continuará ou não a ser produzida” explicou Rogério Gallo, na época superintendente artístico da RedeTV, ao jornal O Globo, em 23 de julho de 2000.

Miguelito estreou em 17 de julho de 2000, às 17h30. Assim, o público brasileiro pode conferir que, sim, a série era “muito parecida” com Chaves. A começar por Miguelito, vivido por Eduardo Estrela, e seus amigos Bolão (David Fantazzini), Lilica (Ana Andreatta) e Marquinho (Davi Taui). Miguelito era um órfão atrapalhado, enquanto Bolão era um menino gordinho e comilão; já Lilica era a mais esperta, e Marquinho, um garoto mimado. Ou seja, qualquer semelhança com Chaves, Nhonho, Chiquinha e Kiko não era “mera coincidência”.

Na vila viviam também dona Tita (Lara Córdula), mãe de Marquinho, que vivia às turras com Seu Flodoaldo (Luiz Baccelli), pai de Lilica, tal qual dona Florinda e seu Madruga.

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Rejeitado pela RedeTV

Mas Miguelito teve vida curtíssima na RedeTV. A emissora exibiu a série por apenas uma semana, no ar entre 17 e 22 de julho de 2000. Com baixa audiência e a inevitável comparação com Chaves, a série foi simplesmente tirada do ar e esquecida para sempre.

Ou quase. Em 2022, o neto do ator Luiz Baccelli encontrou duas fitas com episódios da série e postou o acervo em seu canal no YouTube. Trata-se dos cinco episódios que foram transmitidos na RedeTV, além de um curta do programa. Assim, a atração está disponível para quem quiser conferir o “Chaves brasileiro”.

Em 2020, o ator Eduardo Estrela falou sobre Miguelito ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele confirmou que, na época, o elenco era orientado a evitar qualquer comentário sobre Chaves.

"Tinha uma coisa de não assumir que era em cima do Chaves. Óbvio que era em cima do Chaves. Os caras [pediram]: 'não fala nada, não fala do Chaves'. Mas como? Bom, lá vou eu tentar dar uma entrevista, primeira coletiva de televisão, e eu tentando falar que não era o Chaves. Aí ficou muito patético quando eu falei que nunca tinha visto Chaves", relembrou.

O ator também contou porque Miguelito ficou tão pouco tempo no ar.

"O [Rogério] Gallo, diretor da RedeTV, também não queria, tava tentando defender uma emissora com uma cara mais refinada. E óbvio que o Miguelito não cabia naquilo. Foi uma disputa de poder interno. Passou uma semana e tiraram", contou.

Mas ele guarda boas recordações das gravações.

"Para mim foi maravilhoso. O resultado era muito bom porque tinha gente muito boa - dentro do limite estético que nos davam. Todos nós entendemos que tinha uma pegada meio clownesca e era tudo muito desenhado. A referência, óbvio que era o Chaves", explicou o ator.

Eduardo também acredita que a série teria tido um bom resultado se todos os episódios tivessem ido ao ar.

"Mesmo nessa semana, tive o retorno, é muito curioso, anos depois, de gente olhar e falar 'pô, você fez o Miguelito!'. Ou seja, seria um programa que, se tivesse passado a temporada inteira, teria dado um puta retorno. Não tenho a menor dúvida disso.Com uma semana, muita gente via e lembra disso. Teria sido um sucesso”, finalizou.

André Santana

22/06/2024

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2 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Confesso que não lembro do Miguelito. Rsrs... Estudava à tarde também... Então, muito provavelmente, não assisti. Mesmo assim, é uma boa lembrança. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  2. Miguelito foi mais umas das tantas produções da época (da segunda metade dos anos 90 e primeira metade dos anos 2000) , que bebia diretamente da fonte de Chaves , já que o mesmo era um fenômeno de popularidade e audiência e o sonho de todos era bater chaves nesses quesitos , coisa que nenhum chegou nem perto. Além do supracitado Miguelito , tivemos tentativas com o Tiririca, Seu Boneco, e a Vila Maluca também , fora projetos na Cultura entre outros.

    Muito do que ''popularizou o Miguelito , foi sua obscuridade e sumiço por muuitos anos, virou uma Lost Media total. Tanto que , até a descoberta e postagem dos episódios e do vídeo de apresentação pelo neto de Luiz Bacelli (o curta na minha visão parece mais um trecho cortado de um sexto episódio na verdade), tudo que se tinha disponível da série era um vídeo de menos de 1 minuto da chamada de estréia do programa , e umas poucas fotos oriundas de matérias de revistas e jornais da época.

    Ainda tem 17 episódios inéditos , que não se sabe sequer se ainda existem , e se existirem estão em posse de uma das produtoras responsáveis (quase impossível a RedeTV ter os eps em seu acervo).

    Sobre a série em si , dá para ver que , apesar de copiar chaves , tanto no enredo de episódios (como o do Bolo), quanto em todo o resto, se nota um tom bem mais infantil do que o seriado mexicano (visto que chaves também tem um publico adulto bem considerável), além da dinâmica ser beem mais morosa do que o ritmo na medida de Chaves.

    Uma coisa também que se pode notar , é que além de chaves, outros elementos foram copiados de outras produções . A abertura se nota grande semelhança com ''Escolinha do Golias'' , e o logo da série tem um ''Que'' de Sonic kkkkk.

    Os personagens são basicamente cópias dos personagens de Chaves , mas algumas características ficam muito mais afloradas, como da Dona Tita ( que seria a Dona Florinda), é muito mais histérica e grosseira, e bem menos superprotetora com seu filho ( que seria o equivalente ao Quico) que é muito mais bobo que o bochechudo.

    Além disso deu para notar que a Lilica é uma fusão de Chiquinha com Pópis , e dividiram o professor Girafales em 2 personagens,( Seu Picoco e Dona Dina ). Menção também ao ''vilão'' da série , que seria o dono da Vila , que nitidamente não se baseou muito em seu Barriga, e sim no clássico Doutor Abobrinha , de Castelo Rátimbum. Tanto em seu jeito quanto no objetivo de construir um empreendimento no lugar da vila .

    Miguelito acabou que conquistou um status de Cult, muito pelo tempo desaparecido e pela curiosidade do público do que por sua qualidade.

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