"Quarta-feira era dia de banca cheia!" |
No início de 2002, a apresentadora e jornalista Sonia Abrão colhia os frutos do bom desempenho do vespertino A Casa É Sua, da RedeTV. Ao trocar os tradicionais quadros de culinária e artesanato dos programas femininos pela leitura de revistas, reportagens e entrevistas, Sonia criaria uma fórmula que seria repetida pelos diversos vespertinos da época. Isso despertou o interesse do SBT, que levou o programa para seus domínios, desfalcando a RedeTV. A emissora, então, se viu tendo pouquíssimo tempo para reformular o A Casa É Sua, apostando no carisma de Leonor Corrêa para a missão.
Na época, Leonor era mais conhecida por quem acompanhava os bastidores da TV, já que ela atuava como produtora, diretora e redatora de programas importantes, como o Domingão do Faustão, apresentado pelo seu irmão Fausto Silva. Porém, não era uma figura muito conhecida no vídeo, embora tenha tido experiências em frente às câmeras. Seu trabalho como apresentadora mais conhecido, até então, era o Vitrine, tradicional atração da TV Cultura que ela comandou em 1991. Em 1992, teve uma experiência na extinta OM (atual CNT), no comando do Coçando o Sábado.
Eis que, dez anos depois, Leonor voltaria a ter um programa para chamar de seu. E foi tudo às pressas, já que Sonia Abrão era a produtora do A Casa É Sua (gerado pela Câmera 5) e levou toda a estrutura para o SBT, onde lançaria o Falando Francamente pouco tempo depois. Ou seja, a RedeTV teve que montar uma nova equipe e um novo cenário em pouquíssimo tempo para suprir a ausência de Sonia e da Câmera 5. Tanto que, quando entrou no ar, o novo A Casa É Sua tinha um cenário simples e um conteúdo ainda indefinido. Leonor entrou em cena entrevistando convidados, sem ainda um formato lá muito certo.
Porém, logo ela foi se adaptando no sentido de dar sequência ao "legado" de Sonia Abrão. Ela aprendeu a ler revistas no ar, comentar novelas e falar sobre a vida dos famosos. Passou a ter a companhia de Nelson Rubens e do repórter Gustavo Baena como co-apresentadores, dividindo com ela a missão de comentar as notícias do dia. No ar, Leonor ficava à vontade mesmo fazendo piadas, como seu irmão Faustão, e comentando as novelas da Globo. Todos os dias, ela comentava com seus companheiros de cena os desdobramentos de tramas como O Clone (2002) e Mulheres Apaixonadas (2003). Ela sempre repetia o ódio que tinha de Alicinha, a personagem de Cristiana Oliveira que praticava maldades na novela de Gloria Perez.
Mas Leonor não estava totalmente à vontade no A Casa É Sua. Ela expôs suas dificuldades numa entrevista bastante sincera (leia AQUI), concedida quando completou seis meses à frente do programa. “Há coisas que não me deixam à vontade, às vezes não me sinto bem. E isso fica claro no ar. Mas, como profissional, minha função é apresentá-lo da melhor maneira possível. Minha intenção era voltar ao vídeo. Este agora é o meu emprego”, afirmou. Perguntada se ela estava frustrada com a atração, Leonor respondeu francamente. “Não, porque não fui enganada. Quando eu vim para a Rede TV, o programa já existia (...) e eu sabia o que a direção queria dele, qual o perfil que a emissora queria. Tive que me adaptar”, revelou. A expectativa da apresentadora era conquistar um espaço mais autoral na emissora, algo que nunca aconteceu. “Daqui a um ano, quem sabe, eu emplaco o meu projeto, que teria externas, entrevistas e muito humor. Sou uma pessoa muito bem-humorada e queria mostrar isso para o público”, disse.
Não se sabe exatamente o motivo, mas Leonor Correa e a RedeTV acabaram por rescindir o contrato cerca de um ano e meio depois da estreia desta versão do A Casa É Sua. Provavelmente, emissora e apresentadora chegaram num consenso, já que notas na época diziam que a RedeTV estava insatisfeita com a audiência do programa, ao mesmo tempo em que Leonor não se identificava com a proposta. Assim, em outubro de 2003, Leonor deixou o programa e foi substituída por Clodovil Hernandes, que comandou a fase mais lembrada do vespertino.
Depois disso, Leonor Corrêa voltou aos bastidores, assumindo a direção de programas na Band, como o Boa Noite Brasil e o Band Folia. Voltou ao vídeo em 2005, assumindo o Melhor da Tarde no lugar de Astrid Fontenelle. Mas ficou poucos meses na função, já que o programa saiu do ar em agosto do mesmo ano, dando espaço ao Pra Valer, de Claudete Troiano. Assim, Leonor migrou para a Record, onde dirigiu O Melhor do Brasil. Aí foi pro SBT, onde dirigiu o Eliana e, mais adiante, tornou-se roteirista. Na função, assinou a novela Carinha de Anjo como autora principal, e fez parte dos trabalhos de texto da série Z4. Agora, ela deve assinar a adaptação da novela mexicana Patinho Feio, atração cotada para substituir As Aventuras de Poliana em 2021.
André Santana
2 Comentários
Na época do A Casa é Sua era visível que ela não estava à vontade na atração. Lembro-me que não gostava muito dela como apresentadora. No entanto, dirigiu vários hits da TV.
ResponderExcluirMister Ed, eu sempre gostei muito da Leonor. Ela tem um jeitão meio Faustão, de fazer piada, reclamar, mas, ao mesmo tempo, transmite uma seriedade no trabalho muito grande. Nessa época, eu via o programa todos os dias. E ela sempre foi honesta mesmo quanto a não estar à vontade, tanto que fazia piadas das repetições de temas, das revistas que ela lia... Ao mesmo tempo, ela era muito boa comentando novelas, ela assistia mesmo e curtia comentar com o Gustavo Baena. Lembro tanto dela curtindo O Clone e Mulheres Apaixonadas... Depois, na estreia de Celebridade, ela começou a comentar. Aí ela falava: "ah, essa é a fulana, que vai fazer isso e isso, mas no final é assim, né?" Aí ela se deu conta de que tava adiantando o fim de uma novela que tinha acabado de começar e perguntou: "nossa, por que a gente assiste novela, né?". Kkkkk! Eu ria demais dela! Grande profissional!
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