"A vida é bela!" |
No ar há pouco mais de uma semana, a novela As Aventuras de Poliana, nova produção
do horário nobre do SBT, tem tudo para figurar entre os sucessos do canal,
desde que passou a apostar na dramaturgia infantil. A trama de Iris Abravanel,
inspirada na obra Pollyana, de Eleanor
H. Porter, vem mostrando fôlego suficiente para repetir, ou até ampliar, o
êxito de suas antecessoras, Carrossel,
Chiquititas, Cúmplices de um Resgate e Carinha
de Anjo, esta última ainda no ar com a exibição de seus últimos capítulos.
As Aventuras de
Poliana conta a
história da personagem-título, vivida por Sophia Valverde (que, aliás, está se
saindo muito bem). A menina perde os pais e vai morar na casa da tia amarga,
Luísa (Milena Toscano), onde passa a comer o pão que o diabo amassou. No
entanto, a menina mantém o otimismo ao ensinar a todos o “jogo do contente”,
que aprendeu com os pais, e que consiste em enxergar o lado bom de todas as
coisas. Com isso, irá transformar a vida da tia e de todos que a cercam,
incluindo aí professores e alunos da escola Ruth Goulart, onde se passa boa parte
da história.
A trama, nestes primeiros capítulos, mostra que o SBT segue
avançando tecnicamente na produção de suas novelas. Os cenários estão
caprichados, a fotografia mantém o lúdico sem perder de vista a modernidade, e,
surpreendentemente, há muito mais cenas externas, se comparada às antecessoras.
Além disso, a produção reuniu um bom elenco: Dalton Vigh (Sr. Pendleton),
Milena Toscano, Clarisse Abujamra (Glória), Mylla Christie (Verônica), Marat
Descartes (Durval) e Myrian Rios (Ruth), entre outros, dividem a cena com
“pratas da casa”, como Lisandra Parede (Débora) e Pedro Lemos (Waldisnei). Além
disso, traz ainda Larissa Manoela (Mirela), uma das principais estrelas
adolescentes da emissora.
Além da produção mais caprichada, outra característica de As Aventuras de Poliana evidencia seu
caráter mais ambicioso. Pela primeira vez desde que passou a investir em
produções infantojuvenis, o SBT está apostando numa história que ainda não foi
testada em sua própria programação. Isso porque Carrossel, Chiquititas, Cúmplices de um Resgate e Carinha de Anjo foram novelas que já
tiveram versão exibidas pela emissora anteriormente, e todas bem-sucedidas em
suas épocas de exibição. Seus remakes, então, eram apostas mais certeiras,
praticamente à prova de erros.
Já As Aventuras de
Poliana é baseada no romance clássico de Eleanor H. Porter. Ou seja, pela
primeira vez em sua já longa carreira como novelista, Iris Abravanel não se
baseia numa novela já pronta, como aconteceu também nas tramas adultas Vende-se um Véu de Noiva e Corações Feridos (sua única novela
original foi Revelação, de 2008/09).
Agora, a autora se aventura em transformar um livro numa telenovela. Pollyana já teve versões feitas para o
cinema e a TV anteriormente, incluindo uma novela nos tempos de TV ao vivo,
exibida na Rede Tupi no final dos anos 1950 e com apenas 30 capítulos, mas é a
primeira vez que o livro se torna uma novela no formato como a conhecemos.
Sem dúvidas, Iris Abravanel e sua equipe de redatores
adquiriram um traquejo interessante na elaboração de tramas infantis ao
adaptarem Carrossel, Chiquititas e as
demais obras. No caso desta segunda, atualmente sendo reprisada, a redação
nacional conseguiu até corrigir alguns rumos equivocados da obra original, ao
dar mais unidade aos personagens e às tramas que os envolviam. Por isso mesmo,
têm experiência para dar mais musculatura à obra literária ao qual se baseiam
agora, criando tramas paralelas que conversam bem com o público ao qual a
novela se destina.
Claro, a experiência com tramas latinas imprime em Poliana um ar um tanto mexicano, com
muito maniqueísmo e pouco espaço para nuances. A protagonista é otimista, ok,
mas surgir sorrindo e saltitante após perder os pais foi um pouco de exagero. E
toda a estrutura da novela lembra um pouco as novelas mexicanas com órfãs, como
a clássica Chispita, onde a menina
vivida pela atriz Lucero passa por maus bocados quando é adotada por uma
família ricaça, até transformar a todos com sua graça (qualquer semelhança é
mera coincidência?).
Mesmo assim, no saldo geral, As Aventuras de Poliana agrada, e a opção por fugir de adaptações
de novelas já conhecidas abre um interessante precedente. O sucesso da novela
pode encorajar Iris Abravanel (ou até Leonor Correia, autora de Carinha de Anjo) a propor obras 100%
originais como próximas produções. Seria bem legal.
André Santana
11 Comentários
Andre, o que acha do SBT ir contra a corrente e exibir novelas de longa duracao com no minimo, um ano no ar ? Essa que estreou esta DOIS anos no ar! Jesus!
ResponderExcluirAlias, o Noticias da TV disse que, embora seja o maior sucesso de audiencia no momento, ela nao se paga, por enquanto. Curioso isso.
Acho ruim! As histórias longas do SBT sempre perdem fôlego.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcho que o maior do problema do sbt é essa insistência em querer fazer novelas maiores que Redenção. Não há quem aguente tramas tão longas que ficam andando em círculos ao bel prazer da edição. Não tô acompanhando a novela firmemente, porque vejo Segundo Sol, mas do que vi de cenas esporádicas, realmente concordo que há um melhor tratamento do sbt para com Poliana. Parabéns pela crítica, André. Sou teu fã :)
ResponderExcluirps: também não gostei de saber que a Milena será substituída pela fraquinha Thais Melchior...
Concordo contigo! Novela longa é muito ruim.
ExcluirOlá, tudo bem? Eu acredito que o SBT ainda exibirá uma reprise de Chispita. É um clássico e seria uma boa.... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi Fabio! Não vejo o SBT reprisando Chispita, a qualidade da novela não condiz com a atualidade. Mais fácil reprisarem Luz Clarita, que era um remake de Chispita, lembra? Mas Chispita é um clássico da minha infância, vi umas 3 vezes... tinha o disco da novela em casa e tudo. Kkkkk! Abraço!
ExcluirEsperada a audiência. Assim como existe o público que gosta de tragédias e noticiários policiais, existe o público que quer ter uma trama mais infantil e calma nas novelas. Mas realmente é um exagero fazer novelas tão grandes, como acontece no SBT. O risco de desgastar o formato existe...
ResponderExcluirConcordo com você!
ExcluirAo meu ver perderam a grande oportunidade de colocar a Patricia De Sabrit em dobradinha com o Dalton Vigh novamente, seria algo que chamaria atenção dos telespectadores das novelas do SBT, que comprovadamente tem seu publico adulto tb. E também nao aceitaram as exigencia da Mel Lisboa, pra interprete da Luisa e fizeram mil concessões pra Milena Toscano e deu no que deu.
ResponderExcluirBoa ideia! Reviver Tomás e Pérola seria bem interessante, ainda mais 20 anos depois de Pérola Negra. Pena que não pensam nisso no SBT, que é uma emissora assumidamente saudosista.
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