Nos últimos anos, as
novelas das sete fizeram as pazes com o Ibope. Tramas como Alto Astral, Totalmente
Demais e Haja Coração levantaram uma das faixas mais problemáticas da Globo, e todas elas tinham em comum a
trama fácil, quase infanto-juvenil, e com um humor leve e quase ingênuo. Não
que tenham sido novelas ruins, mas passaram longe da comédia atrevida que
costumava povoar o horário, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990.
E, ao descobrir o
“caminho das pedras” do bom desempenho das novelas das sete, a direção da Globo
parece ter tomado gosto pela coisa e se “superou” com Pega Pega, que terminou na última segunda-feira, 08. A trama de Claudia Souto
seguiu o modelo de suas antecessoras, com uma pegada infanto-juvenil e um humor
pueril, e foi além, ficando tão leve que pareceu até meio boboca. Com um
argumento interessante, um roubo num hotel, que foi esvaziado logo, a trama
andou em círculos e fez água diante de um mistério acerca da morte de uma
personagem que nunca, de fato, esteve na novela. E, curiosamente, uma das mais
fracas novelas das sete dos últimos anos, foi também a de maior sucesso no
Ibope: Pega Pega teve o melhor
desempenho no horário desde Cheias de
Charme. Grande feito!
Por conta deste
êxito, seria de se supor que o canal continuaria replicando a fórmula que vem
se mostrando tão eficaz no horário. Mas, surpreendentemente, não foi isso que
aconteceu. Na terça-feira, 09, Pega Pega
foi substituída por Deus Salve o Rei,
trama que marca a estreia de mais um autor, Daniel Adjafre, e cuja fórmula vem
na contramão da história anterior. Sai o colorido e o tatibitate, e entra uma
trama soturna, passada na Idade Média, e cujo tom dramático e solene impera sobre
o humor.
Trata-se de algo realmente novo no horário, que já teve
fantasias a la Que Rei Sou Eu? e Bang Bang, mas é preciso lembrar que
estas tinham tom satírico, ao contrário de Deus
Salve o Rei, que leva a sério seu cenário e sua época. A trama consegue
fazer um paralelo com a contemporaneidade ao trazer um reino, Montemor, cuja
falta de água é um problema. A água é o que une dois reinos, Artena e Montemor,
que possuem boas relações e “trocam” fornecimentos de água e minério.
Neste contexto, Deus
Salve o Rei conseguiu, nesta primeira semana, unir com graça o cenário
medieval e o folhetim. Em seu centro, o infalível amor entre um príncipe
herdeiro, Afonso (Rômulo Estrela) e uma plebeia, Amália (Marina Ruy Barbosa).
Irrigando este amor, dois reinos cujas boas relações estão ameaçadas, sobretudo
em razão da princesa de Artena, Catarina (Bruna Marquezine), que não aceita tal
relação amistosa. Os pilares deste bom relacionamento estão representados pelos
monarcas, o rei Augusto (Marco Nanini) e a rainha Crisélia (Rosamaria
Murtinho), esta última com sinais de senilidade.
Visualmente, é uma novela de encher os olhos. Além da bela
fotografia, cenários suntuosos e figurino caprichado, a trama fluiu bem. O
primeiro capítulo apresentou os personagens principais sem cair no didatismo
chato, e a semana correu com eficácia. O texto de Daniel Adjafre, aliás, chama
a atenção pela maturidade, com diálogos que imprimem credibilidade diante de
uma temática que poderia, facilmente, cair na fantasia pura e simples. A
direção de Fabrício Mamberti acerta a mão no tom da história e dos atores. E o
que dizer da abertura? Linda!
Marco Nanini e Rosamaria Murtinho parecem ter nascido para
interpretarem monarcas, tamanha a naturalidade que imprimiram a Augusto e
Crisélia. Rômulo Estrela, depois de bons coadjuvantes, surge como um mocinho
vigoroso, enquanto Marina Ruy Barbosa é uma mocinha eficiente. O elo mais fraco
é Bruna Marquezine, que vem abusando da falta de expressão de sua vilã. A atriz
vem confundindo seriedade com apatia.
Johnny Massaro é um nome que vem se destacando, excelente
como o príncipe Rodolfo. Inconsequente e mulherengo, o personagem foi o
responsável pelo humor desta primeira semana (comédia de alta qualidade,
diga-se), mas também teve momentos de drama, ressaltando a versatilidade do
ator. O príncipe lembra o personagem do ator na série Filhos da Pátria, mas a semelhança não compromete o trabalho de
Massaro. Está ótimo.
Ou seja, Deus Salve o
Rei tem todos os ingredientes de um bom folhetim. Uma trama bem armada e
argumentada, romance e ação, e tem o extra da embalagem medieval, que faz com
que a novela tenha um ar de novidade. Resta saber como será a reação do público
diante de uma trama tão diferente das anteriores. A novela tem qualidades e
condições de fazer sucesso. Sem dúvidas, uma boa aposta da Globo. E é bom
constatar que o canal não tem medo de sair de sua zona de conforto.
André Santana
6 Comentários
A história pareceu bem feita os cenários diferentes pra uma novela lembrando desenhos da branca de neve e nem diferente desta saber se tem estofo pra vários meses tem que conferir
ResponderExcluirAté agora tem ido bem. Vamos ver se cansa logo.
ExcluirOlá, tudo bem? Eu achei Pega Pega melhor que Rock Story.... E a Globo sentirá falta da novela anterior... Deus Salve o Rei começou bem, mas já cansei logo no quarto capítulo....Sei não..Sei não.. Se fosse diretor da Record, cortaria imediatamente Belaventura e jogava a reprise de Caminhos do Coração. Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net
ResponderExcluirEu AMEI Rock Story e achei Pega Pega um horror! Deus Salve o Rei não me empolga ainda, mas ainda não cansei também. Gosto da ideia de sair do lugar-comum. Vamos ver se a novidade se sustenta.
ExcluirLinda novela que pisa no lixo anterior
ResponderExcluirPega Pega foi um desastre.
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