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Renascer estreia em alta e aponta futuro da Globo

Humberto Carrão e Duda Santos em Renascer
Humberto Carrão e Duda Santos em Renascer (divulgação)

Cada vez mais, a Globo vai buscar no passado uma maneira de permanecer relevante no presente. É essa a conclusão que se chega ao assistir aos primeiros capítulos de Renascer. A novela, que já era considerada uma obra-prima em 1993, mostrou que é mesmo potente na primeira semana do remake. A atualização de Bruno Luperi do original de Benedito Ruy Barbosa manteve o magnetismo da versão original e tem tudo para arrebatar o público, como aconteceu com o remake de Pantanal (2022).

Luperi fez as devidas atualizações, mas o texto cheio de subtextos de Benedito Ruy Barbosa está lá, e em sua melhor forma. A direção de Gustavo Fernandez também não deve nada à obra original. Aliás, a fotografia é um grande acerto: as imagens da novela estão ainda mais bonitas do que as de Pantanal e há muito tempo não se via uma novela na Globo com tamanha beleza. 

Humberto Carrão demonstra maturidade cênica como José Inocêncio e Duda Santos é um achado como Maria Santa - nem de longe lembra a menina vista em Travessia (2022). Além disso, a primeira fase conta com nomes poderosos, do naipe de Antonio Calloni, Maria Fernanda Cândido e Enrique Diaz. E o que dizer de Belize Pombal e Fabio Lago como os pais da mocinha? São atuações impressionantes. Juliana Paes como Jacutinga é outra grata surpresa.

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Enfim, tudo funciona direitinho e serve como um “abre” para a segunda fase, que promete ainda mais emoções. Claro, quem se lembra da versão original de Renascer sabe que o fôlego da trama não se mantém - o que é praxe em toda novela de Benedito Ruy Barbosa. Mas, ainda assim, ela tem momentos memoráveis e caminha para um emocionante grand finale.

Curioso notar que, na Globo de hoje, é impensável que uma novela inédita apresente a mesma força de Renascer. A emissora teve em seus bancos os grandes da teledramaturgia brasileira: além de Benedito Ruy Barbosa, tinha Gilberto Braga, Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu e Manoel Carlos. Braga já nos deixou, Silva foi dispensado e os demais estão aposentados. Nenhum deles foi substituído à altura. Do time estrelado, só “restou” Gloria Perez, que não teve um bom momento em Travessia.

Claro, ainda há valores como João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco.. Mas ambos parecem já terem feitos suas respectivas obras-primas, afinal, dificilmente Carneiro vai superar Avenida Brasil (2012), e nem Carrasco fará nada mais impactante que suas novelas das seis arrebatadoras, como O Cravo e a Rosa (2000) e Alma Gêmea (2005).

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A Globo não está vazia de talentos, claro. Além dos dois citados acima, o canal ainda conta com os serviços de Rosane Svartman, atual “rainha das sete”, e de Mário Teixeira, que começa a firmar seu nome na faixa das seis. Há o veterano Ricardo Linhares, além de nomes como Duca Rachid, Thelma Guedes, Claudia Souto, Daniel Ortiz, Manuela Dias e Maria Helena Nascimento, todos com seu valor. 

Porém, é curioso como a dramaturgia inédita parece apenas repetir uma fórmula, ao invés de buscar coisas novas. Benedito Ruy Barbosa é dono de um estilo, assim como seus colegas. Mas qual o estilo dos novos novelistas? Que obras deles são verdadeiramente memoráveis? Que novela atual, daqui 10 anos, será referida como um clássico?

Ao que tudo indica, a Globo está ciente disso e, por isso mesmo, não tem pudores em remexer seu passado para voltar a fazer sucesso no presente. Não por acaso, das três novelas inéditas atuais, duas são remakes - e a única original é Fuzuê, a pior delas. E é por isso que o canal vai apostar também no remake de Vale Tudo (1988). A emissora não confirma, mas é evidente que a trama já foi a escolhida para substituir Mania de Você, de João Emanuel Carneiro, que entra após Renascer.

Sem novos Benedito Ruy Barbosa, Gilberto Braga ou Cassiano Gabus Mendes, a Globo vai recorrer aos que esses autores deixaram. O sucesso que Renascer fatalmente alcançará - com todos os méritos - vai encorajar a Globo a seguir, cada vez mais, por este caminho. 



André Santana

27/01/2024

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2 Comentários

  1. Não curto novela rural. Não consegui assistir nenhuma novela inteira do Benedito, Velho Chico quase consegui, parei pouco antes da morte do Domingos. Mas assisti o remake de Pantanal por curiosidade, já que não vi a original e surpreendentemente vi a novela inteira. Não assisti Renascer original só uns pedaços pelo YouTube. Inicialmente, decidi assistir ao mesmo tempo Renascer 2024 com Renascer 1993. A segunda ainda estou no capítulo 3. Mas percebi que cada capítulo da original é mais longa (no mínimo 60minutos) e os acontecimentos de um capítulo da original (pelo menos do primeiro) equivaleram a três capítulos do remake. E sou obrigado a reconhecer que esses capítulos iniciais tanto do remake como da original são ótimas. Espero não ver a novela inteira como fiz como Pantanal remake rs, mas se for boa provavelmente assistirei inteira. A original provavelmente só verei os capítulos iniciais, mas vai que dê a louca de ver as duas ao mesmo tempo rs. Em Elas por Elas eu assisti a original inteira. O último capítulo assisti na estreia da releitura (releitura, ou como dizem os americanos reboot, não é remake) . Acho que dificilmente Renascer será flop. Tudo leva a crer que atenderá as expectativas da Globo. A audiência é ótima, repercussão no Twitter é boa, a crítica é toda elogiosa. Lógico, a novela terá barriga, como toda novela, inclusive as obras primas tem barriga. Eu sinceramente torço pra que dê boa audiência, até pra Terra e Paixão que abandonei, torci pra dar audiência, porque sou noveleiro. E do jeito que as novelas na Globo estão indo de audiência ladeira abaixo, isso será péssimo. Lembremos que ano passado surgiram boatos que a Globo pensava futuramente acabar com a faixa das seis devido seus fracassos. Novela é arte mas também é indústria cultural, ela gera centenas de empregos diretos e milhares indiretos. Que Renascer seja também um renascer pras novelas globais nesse 2024.

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    1. Pior se decidirem apostar em mais jornais locais ao invés de muitas novelas

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