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"A Força do Querer" traz novidades ao estilo de Gloria Perez

 

A dificuldade de produzir novelas neste período de pandemia obrigou a Globo a apostar numa segunda reprise no horário nobre. A escolhida foi A Força do Querer, um grande sucesso de público e crítica em 2017. Na época, a novela chamou a atenção pelo fato de a autora Gloria Perez ter apostado em algumas novidades, buscando se modernizar dentro de seu próprio estilo de “novelão” tão característico.

Na época da estreia, o TELE-VISÃO apontou as “novidades” que a novelista imprimia em sua mais nova história. E ressaltava que A Força do Querer havia estreado muito bem. Confira abaixo a primeira análise do blog à trama, publicada em 08 de abril de 2017:

Estreou bem a nova investida da autora Gloria Perez no horário nobre, A Força do Querer. A trama entrou no ar sem pressa, mas não desinteressante. Teve um primeiro capítulo que fugiu do didatismo chato da apresentação dos personagens, e foi desenrolando sua trama principal aos poucos, revelando a conexão entre as histórias de maneira bastante harmônica. Soma-se a isso o ótimo elenco e uma direção criativa, mas sem pirotecnias desnecessárias, de Rogério Gomes. Tudo isso fez da primeira semana de A Força do Querer um entretenimento saboroso, que traz a veterana novelista apresentando algumas novidades em seu estilo já tão conhecido.

Desta vez, Gloria Perez não centrou toda a sua história numa única heroína, como fez com Morena (Nanda Costa), Maya (Juliana Paes), Sol (Deborah Secco), Jade (Giovanna Antonnelli) e Dara (Tereza Seiblitz), protagonistas de Salve Jorge, Caminho das Índias, América, O Clone e Explode Coração, respectivamente. Ao invés disso, trouxe diferentes tramas entrelaçadas por três personagens centrais, Ritinha (Isis Valverde), Bibi (Juliana Paes) e Jeiza (Paolla Oliveira). E até mesmo para apresentar seu trio central, a autora não teve pressa, já que o primeiro capítulo focou num prólogo envolvendo dois dos mocinhos, Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk).

A partir deles nasce a relação entre duas grandes famílias, encabeçadas por Eugênio (Dan Stulbach) e Eurico (Humberto Martins), de onde se ramificam as tramas principais e paralelas. Ligado a eles está Caio (Rodrigo Lombardi), que tem uma história de amor com Bibi (Juliana Paes), uma das donas do primeiro capítulo. No final do primeiro episódio surge Ritinha, namorada de Zeca, mas que se envolverá com Ruy. A policial Jeiza surgiu apenas capítulos depois, ao abordar o caminhão de Zeca na estrada.

Além de não centrar sua trama numa única grande heroína, Gloria Perez também imprimiu outra novidade no enredo. Ao contrário de suas últimas novelas, que tinham o elenco tão inchado que vários personagens sumiam e apareciam ao sabor do vento, desta vez, em A Força do Querer, são poucos núcleos e personagens. Toda a trama está bastante concentrada nas duas famílias centrais, e é a partir das personagens que as compõem que a autora propõem os temas que pretende discutir, como o vício em jogo de Silvana (Lilia Cabral), esposa de Eurico, ou a transexualidade de Ivana (Caroline Duarte), filha de Joyce (Maria Fernanda Cândido) e Eugênio.

A terceira novidade no enredo de Gloria Perez é a falta da “ponte aérea” entre o Rio de Janeiro e qualquer outra parte do mundo, como a Turquia, Marrocos, Índia ou Estados Unidos. Desta vez, o núcleo “quase estrangeiro” da história está no estado do Pará, no Brasil mesmo, dando a chance de o público “viajar” com as personagens além do eixo Rio-São Paulo, explorando uma cultura tipicamente nacional, mas não tão conhecida aqui pelos lados do Sudeste. Assim, A Força do Querer tem o ritmo e o colorido do Carimbó, do artesanato de inspiração indígena e das lendas da região amazônica, como a do Boto. A locação proporciona um espetáculo visual que dá à A Força do Querer um charme especial.

E mesmo trazendo algumas novidades, Gloria Perez continua ainda sendo Gloria Perez e carrega muito do seu DNA. Assim, A Força do Querer não esconde que pretende ser um novelão, com muitas reviravoltas e amores impossíveis. Ou seja, é um folhetim rasgado, do qual a autora é especialista. Além disso, pode-se observar alguns enredos que remetem a outras de suas histórias, como a relação entre Eurico e Eugênio, que parece um remake dos irmãos Cadore de Caminho das Índias (incluindo aí a presença de Humberto Martins nas duas histórias).

À Eugênio caberá se envolver com uma vilã interesseira, neste caso Irene (Débora Falabella), tal e qual Raul Cadore (Alexandre Borges) e a psicopata Yvone (Letícia Sabatella). Yvone, aliás, que também lembra muito a Alicinha (Cristiana Oliveira), de O Clone. Já Eurico e Silvana também remetem a Glauco (Edson Celulari) e Haydée (Christiane Torloni), de América. Duas mulheres elegantes que sofrem em segredo diante de uma dificuldade: Haydée era cleptomaníaca, enquanto Silvana, como já foi dito, é viciada em jogo.

Ou seja, Gloria Perez retornou ao horário nobre inspirada, e A Força do Querer, ao menos nesta primeira semana, parece oferecer bastante vigor à faixa. Há bons personagens, situações interessantes e belos cenários prontos para fazer o horário das nove da Globo retornar às boas diante do público. As expectativas são as melhores.

André Santana

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9 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Votei em A Força do Querer como melhor novela de 2017. Sem dúvida alguma, é uma das melhores produções desta década. Porém, a TV Globo errou na escolha da reprise. Comentarei no blog hj. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Oi Fabio! Não acredito que a novela não esteja indo bem por ser recente. Ela é apenas um ano mais nova que Haja Coração e Totalmente Demais. Abraço!

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  2. Tres anos parecem pouco mas mudou muito a mentalidade do brasileiro. Sera que parte da audiencia vai aceitar da mesma forma que aceitou na primeira exibicao ? Ja li varios comentarios dizendo que a novela faz apologia ao crime . Ate acho que tera uma audiencia razoavel mas nao sei a relercussao da massa, o povo encaretou muito de 2018 pra ca.

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    1. Ha falavam isso em 2017...e a questão da trans até foi aceita sem tantas ressalvas

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    2. Concordo! Noto este "encaretamento" e isso pode prejudicar a novela desta vez.

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  3. Ah, me lembrei. Sobre o Edson Celulari, concordo com a Cristina Padiglione, que disse que o tamanho do personagem foi perfeito pro Celulari , porque nao demandava muito esforco fisico, ja que ele recem saiu de um cancer.

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    1. Até concordo, mas acho uma pena um ator do porte do Celulari fazer um personagem tão pouco relevante. Porque o Dantas aparecia bastante, mas não tinha função na história. Então não sei até que ponto foi para poupá-lo, já que gravar ele gravou bastante.

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  4. Essa reprise reforça minha impressão de 3 anos atrás: foi uma novela chata, com personagens chatos. Só salvaram as tramas da Bibi e Ivana. O restante totalmente insuportável e esquecível.

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    1. Não acho não. É uma novela que demora um pouco a engrenar mesmo, aliás, como a maioria das novelas da Gloria Perez.

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