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"Mestre do Sabor" e "Família Frente a Frente": ainda há espaço para competições culinárias?

"Tá com fome?"

Numa semana de muitas estreias, dois novos talent shows da área da culinária debutaram na TV aberta. Enquanto a Globo, que até então só apostava no filão como quadros de seus matinais, se rendeu ao formato no horário nobre com Mestre do Sabor, o SBT lançou mais um, o Famílias Frente a Frente. Em comum, os dois programas buscam se diferenciar do habitual, com dinâmicas que trazem novidade ao segmento. Porém, a pergunta que não quer calar é: não há cozinha demais na programação das emissoras?

Mestre do Sabor foi anunciado como um formato original da Globo. Louvável, tendo em vista que a grande maioria destes formatos são versões nacionais de atrações gringas. No entanto, o tal “original” não se revelou tão original assim. Mestre do Sabor basicamente replicou o formato do The Voice Brasil, substituindo cantores por chefs de cozinha. Numa degustação às cegas, os competidores buscam uma vaga nos times de três jurados/técnicos: José Avillez, Kátia Barbosa e Leo Paixão.

O programa é bem feito e redondo, conduzido de maneira simpática pelo chef Claude Troisgros e seu fiel escudeiro, Batista. E diverte, sobretudo graças à edição bem resolvida, que mostra as histórias de vida dos concorrentes. No entanto, o excesso de mais do mesmo incomoda. A semelhança do formato com o The Voice já gera um cansaço. E a cozinha como cenário já denuncia que, no fundo, trata-se de mais uma dentre tantas competições culinárias. Sendo assim, Mestre do Sabor até tem potencial, mas precisa mostrar ao público que não é mera cópia do The Voice. Talvez empolgue quando passar da fase das audições, ops, degustações às cegas.

Enquanto isso, Famílias Frente a Frente marcou a estreia de Tiago Abravanel como apresentador na emissora do avô Silvio Santos. Tiago, que mostrou boa desenvoltura à frente de especiais e do Popstar, na Globo, acerta ao querer se tornar um comunicador. Talento e carisma para isso ele tem, além de ser muito bem preparado para a função. Mas Tiago escolheu justamente uma competição culinária para comandar, e justamente no SBT, canal que mais variações do formato já lançou.

Assim que o MasterChef bombou na Band e despertou interesse das outras emissoras, o SBT correu para lançar o seu. Lançou Carlos Bertolazzi à frente do Cozinha Sob Pressão, inicialmente no ingrato horário das 18h30 dos sábados. Logo depois, veio a competição de sobremesas Bake Off Brasil, que inaugurou a faixa de realities culinários do horário nobre de sábado. Com o bom resultado do Bake Off, Cozinha Sob Pressão também passou a ser exibido ali. E logo vieram outros formatos, como BBQ Brasil e Duelo de Mães. Como se fosse pouco, a emissora ainda lançou o Minha Mulher que Manda, outra competição culinária, como quadro do Eliana, aos domingos.

Atualmente, a faixa de realities das noites de sábado do SBT está bem resolvida com o Bake Off revezando com o Junior Bake Off e o Fábrica de Casamentos. Assim, foi necessário abrir um novo espaço para encaixar o Famílias Frente a Frente. Optou-se pela noite de sexta, substituindo a até então intocável Tela de Sucessos. Este fato talvez tenha sido a melhor coisa do FFF, já que a sessão de filmes vem sobrevivendo de longas ultrarreprisados dos anos 1990. Com a novidade, a linha de shows do SBT saiu um pouco da mesmice.

Além disso, FFF dá um enfoque diferente no segmento, ao apostar na comida caseira e na disputa familiar. A atração aposta numa competição na cozinha entre famílias, que precisam mostrar suas habilidades culinárias aos jurados Alê Costa, Dona Carmem Virgínia e Gilda Bley. É um formato dinâmico e que envolve, e Tiago está muito bem na função de comandante. Mas a correria na cozinha, o “corta verdura”, “refoga a cebola” e tantas cenas já tão mostradas em MasterChefs, Top Chefs e SuperChefs da vida fazem do FFF um formato igualmente cansado.

Não há dúvidas do potencial de audiência e, principalmente, de faturamento, deste formato. Mas os canais abertos andam demonstrando uma preguiça absurda no segmento dos talent shows. Atualmente, só cozinha e música têm vez. Esta overdose está começando a aborrecer.

André Santana

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11 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Comentarei sobre a estreia do Famílias Frente a Frente no meu blog. Sobre Mestre do Sabor: eu não achei de todo ruim...E é louvável a emissora fugir da importação de formatos. Bato nesta tecla há anos. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Oi Fabio! Também não achei Mestre do Sabor ruim não. Só o formato reciclado do The Voice que me incomodou... Mas o programa tem qualidades. Abraço!

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  2. A ideia de música até não é ruim, melhor música do que esses confinamentos onde a idiotice parece ser a premissa principal. Mas sempre vem tudo num formato embaladinho, pronto, em que todo mundo é "ótimo" e o padrão de interpretação se parece em muitos dos casos. Sobre os formatos de cozinha, concordo com você, existe já uma saturação da fórmula.

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    1. Gostava do ifolos e do fama que alguns candidatos ruins iam melhorando com o tempo. ..agora cadê o ídolo que nao Sai. ...melhor seria um novo popstars que revelou o Rouge

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    2. Alexandre e Miguel, confesso que não aguento mais programas de música... Como o Alexandre disse, todo mundo é ótimo e parece haver um padrão. Não há vozes originais, é muito mais do mesmo.

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  3. Realmente foi uma semana de estreias gastronomicas mesmo que o melhor programa - Pesadelo na Cozinha, tenha acabado com uma temporada curta. FFF pareceu mais interessante e leve, Mestre do Sabor poderia ser ótimo sem a pieguice de escolhas de técnicos...

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  4. Ambas boas estréias. A Globo ousar levar o tema pra faixa nobre é interessante, acredito que a segunda fase realmente vai ser melhor. Acho que o desgaste é natural mas sempre vai haver espaço pra culinária na TV, comida envolve e entretem de fato o telespectador. O SBT se mostra competente na adaptação desse tipo de formato.

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    1. Filippe, estou ansioso pela nova fase do Mestre do Sabor. Parece que vai ser bom!

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  5. Comida é algo que une todos os tipos de pessoas. Acredito que pela gama de formatos possa, sim, haver um desgaste, mas também creio que sempre haverá espaço para programas do gênero.

    Mestre do Sabor tem um bom formato, é divertido e não é tão longo,porém, achei pouco dinâmico e um tanto cansativo. Talvez a audiência não tenha respondido tão bem justamente por The Voice ter terminado na semana anterior. Como a dinâmica da atração é a mesma, rola esse deja vu.

    FFF eu ainda não vi mas, pelo que li, tem a cara do SBT: um game família. Com o diferencial de ter a comida como foco. Fora que o Tiago é carismático. A ver.

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    1. Boa análise, Mister Ed! Mas ainda acho que há um excesso. Porém, como disse a Padi no Agora SP, trata-se de um formato que sempre terá retorno comercial, pois comida não tem crise... sendo assim, os programas enchem os cofrinhos de seus canais e seguirão com espaço.

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