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Boa, "Onde Nascem os Fortes" teve o mérito de sair do lugar-comum

"Waka waka!"
Com a revelação de que Ramirinho (Jesuíta Barbosa) foi quem disparou contra Nonato (Marco Pigossi), forçado pelo pai Ramiro (Fabio Assunção), Onde Nascem os Fortes teve um desfecho e tanto. O episódio final coroou a trajetória da história assinada por George Moura e Sergio Goldenberg. A produção foi marcada por uma trama densa, contemplativa e cheia de surpresas.

Onde Nascem os Fortes começou morna. Após um primeiro capítulo eletrizante, centrado no desaparecimento de Nonato e a busca desenfreada de sua mãe, Cássia (Patrícia Pillar), e sua irmã Maria (Alice Wegmann), pelo seu paradeiro, a trama pareceu estacionar. Quando Cássia chega a Sertão em busca de respostas, ao mesmo tempo em que Maria se lança estrada afora em busca de respostas, a “supersérie” passou a impressão de que não tinha argumento que sustentasse tantos capítulos.

Esta impressão foi quebrada com a revelação de que Nonato estava realmente morto. A partir daí, a trama de Onde Nascem os Fortes deu uma virada que justificou a aparente morosidade dos capítulos iniciais. Isso porque a primeira etapa da série serviu para construir os personagens principais e a “ciranda” que os interligava. Maria, Cássia, Hermano (Gabriel Leone), Pedro Gouveia (Alexandre Nero), Ramiro, Rosinete (Débora Bloch), Samir (Irandhir Santos), Plínio (Enrique Diaz) e Ramirinho compunham uma rede que ia ficando “menor” quando suas relações se estabeleciam.

Sob este prisma, a primeira fase não foi tão morosa quanto pareceu. Ela serviu para sedimentar os personagens dentro de uma situação, até chegar ao ponto de virada que os desconstruiu. Sendo assim, quando surge o mistério sobre a morte de Nonato, os personagens principais se revelam um tanto diferentes do que pareciam. O romance entre Cássia e Ramiro, a redenção de Pedro Gouveia e o relacionamento cheio de idas e vindas de Maria e Hermano foram reconfigurados. Foi uma sequência de surpresas, culminando com a revelação sobre a verdadeira origem dos gêmeos Nonato e Maria.

Neste contexto, o capítulo final de Onde Nascem os Fortes reforçou boa construção da trama. Ramirinho ter disparado contra Nonato surpreendeu, mas não fugiu da lógica proposta pela história. Afinal, o espectador acompanhou toda a angústia do jovem, que se vestia de “Shakira do Sertão” escondido do pai. O embate entre a sensibilidade de Ramirinho e a truculência de seu pai permeou a saga. Portanto, a morte de Nonato revelou-se o ponto alto desta conturbada relação.

Sendo assim, Onde Nascem os Fortes cumpriu com louvor sua missão de ser um produto diferenciado no horário. A trama abusou do silêncio, da canção que conversa com a situação, e de personagens imperfeitos para contar sua história. Uma história aparentemente simples, mas que traduziu bem a complexidade do ser humano. Além disso, fez um retrato intrigante sobre o coronelismo no século 21, contrapondo o ontem e o hoje de maneira inteligente.

André Santana

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3 Comentários

  1. O início da série não me empolgou e parei de ver. Mas, ao ler sua análise, me despertou a curiosidade. Vou retomar no GloboPlay!

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    Respostas
    1. Vale a pena dar uma segunda chance à série, sim, Felipa!

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  2. Não ficou devendo em NADA para a séries da Netflix.

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