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As Filhas da Mãe: Em 2001, baixa audiência levou Globo a picotar novela

Fernanda Montenegro em As Filhas da Mãe
Fernanda Montenegro em As Filhas da Mãe (reprodução)

Escrita por Silvio de Abreu e dirigida por Jorge Fernando, As Filhas da Mãe entrou no ar em 27 de agosto de 2001 cercada de expectativas. A trama marcava a volta da dupla ao horário que a consagrou e, de quebra, reunia um dos elencos mais estelares já vistos numa única novela até então.

Fernanda Montenegro liderava um verdadeiro “batalhão” de astros, como Claudia Raia, Tony Ramos, Raul Cortez, Francisco Cuoco, Regina Casé, Andrea Beltrão, Bete Coelho, Diogo Vilela, Alexandre Borges, Reynaldo Gianecchini, Thiago Lacerda… O “primeiro time” estava em peso na história.

As Filhas da Mãe girava em torno de Lulu de Luxemburgo (Fernanda), uma premiada diretora de arte de Hollywood que volta ao Brasil depois do desaparecimento do ex-marido, Fausto (Cuoco). Além de lidar com os ex-sócios dele no resort Jardim do Éden, ela tenta reunir suas três filhas, Alessandra (Bete), Tatiana (Andrea) e Ramona (Claudia).

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Comédia rasgada

A novela era uma comédia rasgada, com muito nonsense e com uma narrativa ousada, que utlizava raps para conduzir a história. A receita parecia à prova de erros, ainda mais na faixa das sete, horário que Silvio de Abreu já havia assinado clássicos como Guerra dos Sexos e Cambalacho.

Porém, o esperado sucesso não veio. As Filhas da Mãe derrubou a audiência do horário e levou a Globo ao desespero. Para estancar o prejuízo da trama, a emissora tomou uma atitude drástica e simplesmente passou a tesoura na história.

Naquela época, não era tão incomum uma novela ser encurtada por conta da baixa audiência. Porém, as reduções não costumavam ser tão radicais. Mas, no caso de As Filhas da Mãe, foi: a trama chegou ao fim com 125 capítulos - sua antecessora Um Anjo Caiu do Céu, por exemplo, teve 185.

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Apressada

Para encurtar de forma drástica As Filhas da Mãe, a Globo antecipou o início da produção de sua sucessora, Desejos de Mulher. A princípio, a trama só estrearia em março de 2002, mas foi antecipada para janeiro. Com o fim de As Filhas da Mãe, Silvio de Abreu confirmou à Folha de S. Paulo, em 20 de janeiro de 2002, que a novela havia sido encolhida por conta da baixa audiência.

“A ideia era ir até depois do Carnaval. Disseram que foi uma estratégia para lançar a próxima novela das 19 horas, já que não queriam encavalar duas estreias, a das 18h e a das 19h. Foi uma maneira elegante de dizer que a novela ia sair antes porque não estava dando os índices de audiência esperados”, cravou.

O autor também contou que preferiu encurtar sua novela à ter que realizar mudanças radicais no roteiro para torná-la mais popular. “Fiquei numa encruzilhada: se direcionasse para a classe D, perderia a classe A e iria descaracterizar o trabalho. Houve conversas para que isso fosse feito, mas me recusei”, disse.

Abreu também atribuiu ao noticiário atribulado do segundo semestre de 2001 um dos motivos do fiasco da novela. Acontecimentos como o sequestro de Patrícia Abravanel e o atentado de 11 de setembro desviaram a atenção do público. 

O autor também acreditava que o público não havia entendido a novela. “As pesquisas mostraram que o público não entendia nada da novela. Nem mesmo percebia que era uma comédia. Eles enxergavam como drama. Não sabem o que é Oscar, Hollywood ou transexual, não têm referências, e, mesmo que eu explicasse, continuariam não entendendo. Não há compreensão intelectual, só emocional. Acharam bonita a relação da Ramona (Cláudia Raia) com o Leonardo (Alexandre Borges), mas não entenderam o preconceito dele que impedia o romance”, afirmou, sobre a personagem de Claudia Raia, que era uma mulher trans.

André Santana

31/07/2025

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