Ticker

6/recent/ticker-posts

Publicidade

A virada de Vale Tudo, a teledramaturgia e a guerra de audiência na TV aberta

Raquel (Taís Araújo) e Maria de Fátima (Bella Campos) em Vale Tudo
Raquel (Taís Araújo) e Maria de Fátima (Bella Campos) em Vale Tudo (reprodução)

Num passado distante, era comum as emissoras abertas adotarem verdadeiras “táticas de guerrilha” para enfraquecer a concorrência. Isso já não existe com tanta intensidade, já que, em tempo de crise, as emissoras agem com maior parcimônia, preferindo priorizar os cofres a dar importância aos que os concorrentes estão fazendo. Uma medida prudente, claro, mas que deixa tudo meio parado.

Porém, na última semana, o espectador “das antigas” conseguiu relembrar, consideradas as devidas proporções, dos tempos em que as emissoras abertas demonstravam seu poder de fogo para disputar a preferência do público. Globo, Record e SBT adoraram estratégias, envolvendo suas respectivas dramaturgias, para tentar virar o jogo na audiência.

Na Globo, houve uma aposta pesada numa “semana especial” de Vale Tudo, com muitas viradas na trama escrita por Manuela Dias. Já o SBT decidiu abrir mão de sua novela A Caverna Encantada no horário nobre para tentar fisgar parte do público “órfão” de Força de Mulher, novela turca da Record, lançando a mexicana As Filhas da Senhora Garcia. E a Record, por sua vez, retornou ao filão bíblico com Paulo, o Apóstolo.

Continua depois da publicidade


Disputa pela vice-liderança

O SBT, aliás, chegou a lançar uma chamada que parece ter sido escrita pelo próprio Silvio Santos, para tentar chamar a atenção do público com As Filhas da Senhora Garcia. A peça veiculada avisa que a produção mexicana é baseada numa história da Turquia, com o claro objetivo de atrair os fãs de Força de Mulher.

Na prática, a estratégia não surtiu muito efeito. As Filhas da Senhora Garcia praticamente manteve a audiência de A Caverna Encantada. Quem sentiu mais foi a Record, que, ao trocar Força de Mulher por Paulo, o Apóstolo, viu sua audiência cair. Nada grave, já que o canal de Edir Macedo segue na vice-liderança bem à frente do SBT. Mas trata-se de uma queda que poderia ter sido evitada.

Afinal, a Record já garantiu os direitos de outras novelas turcas, como Mãe e Iludida. Sendo assim, a melhor estratégia teria sido seguir com produções da Turquia na faixa das 21h, justamente para tentar segurar o público de Força de Mulher. Produções como Paulo, o Apóstolo poderiam ser facilmente encaixadas na faixa das 21h45, horário que exibe reprises. Não faz sentido seguir com uma faixa de reprises à noite sendo que a emissora possui produções inéditas na agulha.

Continua depois da publicidade


Se deu bem

Enquanto isso, parece que parte do público de Força de Mulher preferiu mesmo dar uma chance a Vale Tudo, que teve uma “semana especial”. A Globo foi esperta ao programar grandes viradas na trama das 21h justamente quando houve essa troca de títulos nos canais concorrentes. Com isso, se beneficiou do “zapping”.

Vale Tudo, aliás, mostrou que um novelão faz a diferença na guerra de audiência. A trama escrita por Manuela Dias, que andava meio sem sal, recebeu um verdadeiro chacoalhão com direito ao melhor dos clichês do bom folhetim.

Embate entre mocinha e vilã, quando bem feito, sempre funciona. E o acerto de contas entre Raquel (Taís Araújo) e Maria de Fátima (Bella Campos), com direito a troca de ofensas e vestido de noiva rasgado, foi um cenão digno dos melhores elogios. Vale Tudo mostrou tutano, algo que vinha fazendo falta.

A intensidade se manteve ao longo da semana, com o casamento de Maria de Fátima, o enlace entre Ivan (Renato Góes) e Heleninha (Paolla Oliveira), Leila (Carolina Dieckmann) mostrando as garras, Celina (Malu Galli) se livrando das amarras de Odete (Debora Bloch) e Raquel finalmente se tornando uma empresária bem-sucedida. Ufa! Sem dúvidas, Vale Tudo teve sua melhor semana, e os números reagiram positivamente.

Continua depois da publicidade


Batalha de novelas

Diante dessa movimentação na programação das três principais emissoras brasileiras, a conclusão que se chega é que a dramaturgia ainda é um pilar fundamental na grade de todas elas. Claro, os tempos são outros, há a concorrência com outras plataformas e os números não voltarão a ser tão grandes como outrora, mas, ainda assim, as novelas se estabelecem como um importante chamariz de público.

Também é interessante observar que movimentações estratégias também são importantes para mexer com o público. Algo que tem acontecido com cada vez menos frequência na TV aberta brasileira. Essa semana podia servir como lição para os executivos dos canais brasileiros.

André Santana

13/07/2025

Postar um comentário

0 Comentários

Publicidade

(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});