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"Terra e Paixão" se dá bem ao abraçar o dramalhão sem pudor

Cauã Reymond, Barbara Reis, Paulo Lessa e Johnny Massaro em Terra e Paixão
Cauã Reymond, Barbara Reis, Paulo Lessa e Johnny Massaro
em Terra e Paixão (João Miguel Jr/Globo)

Depois de uma novela tão equivocada como Travessia, a Globo precisava de um “novelão” capaz de unir o Brasil. Ou seja, daquelas tramas que todo mundo assiste e comenta, mesmo que seja para reclamar. Pois Terra e Paixão estreou dando provas de que pode preencher tal requisito com louvor.

Novela com cara de novela, a nova história de Walcyr Carrasco se mostrou um dramalhão despudorado em sua primeira semana. E no melhor sentido da palavra! Tudo é deliciosamente cafona, da promessa de Aline (Barbara Reis) gritando aos quatro ventos que vai vencer, agarrada num punhado de “terra vermelha”, à abertura com cores mexicanas.

Carrasco, antenado como ele só, sabe que a temática rural está em alta, graças ao sucesso do remake de Pantanal (2022). Mas não só isso. Conflitos envolvendo sucessão familiar também estão na crista da onda, vide o sucesso mundial de Succession, série da HBO. O autor misturou estes dois elementos e criou a saga da família La Selva.

Com sua falta de sutileza de sempre, Walcyr Carrasco colocou as cartas na mesa logo de cara. Curiosamente, o autor fez isso de uma maneira mais harmônica, conseguindo - na medida do possível - driblar seu habitual didatismo. Ao abrir a novela já com um ataque de Antonio La Selva (Tony Ramos) à mocinha Aline (Barbara Reis), o autor apresentou seus protagonistas em ação e de maneira eficiente.

Em poucas sequências, ficou claro que Antonio é o vilão implacável e sem escrúpulos, enquanto seu herdeiro, Caio (Cauã Reymond) é o filho rejeitado. Logo depois, também ficou evidente que Daniel (Johnny Massaro) é o rapaz de bom coração, enquanto Petra (Débora Ozório) é a filha desajustada. Por fim, Irene (Gloria Pires) não precisou de muitas cenas para se mostrar uma megera manipuladora e interesseira.

Foi um ótimo primeiro capítulo, que já instigou o público sobre os desdobramentos desta disputa familiar. O episódio de estreia também despertou a curiosidade sobre o destino de Aline, uma mocinha forte e bem interessante. Aliás, a aposta em Barbara Reis se mostrou certeira. A atriz está muito bem e em nada lembra a vilã Débora, de Todas as Flores.

O pano de fundo sobre o agronegócio também dá uma embalagem bonita à novela. O clima rural do interior de Mato Grosso do Sul fotografa bem na tela, fugindo da habitual urbanidade das tramas globais, ao mesmo tempo em que mostra uma paisagem diferente dos rios e tuiuiús vistos em Pantanal. A direção de Luiz Henrique Rios, que assinou a simpática Além da Ilusão, se mostrou certeira.

O elenco também se mostra bastante acertado. Além dos já citados, destacaram-se também Susana Vieira como Cândida, um tipo diferente do que ela vinha fazendo nos últimos anos; Paulo Lessa, firme como o mocinho apaixonado Jonatas; e Tatá Werneck, que segue como o tipo cômico, mas traz novos elementos à stripper Anely. No geral, todo o elenco funciona muito bem.

Se há um ponto negativo inicial a ser destacado é o sotaque adotado pelos atores. Ele não está de todo equivocado, já que o 'R acentuado' é bastante característico da região onde se passa a trama - este pequeno jornalista que vos fala mora na divisa entre SP e MS e conhece bem estas localidades. No entanto, falta uma unidade. Os atores parecem falar cada um de um jeito.

Mas nada que comprometa a novela. Terra e Paixão teve uma primeira semana bastante interessante e mostrou que tem todas as condições de recuperar parte do público perdido no horário nobre da Globo. Acompanhemos os próximos capítulos.

André Santana

13/05/2023

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1 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Discordo. Terra e Paixão começou sem empolgar. Não adianta a temática "rural" ser a mesma de Pantanal, se o texto está a quilômetros de distância do mestre Benedito Ruy Barbosa. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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