The Voice Brasil: Globo sacaneia Fátima Bernardes ao lhe entregar programa desgastado

Fátima Bernardes no The Voice Brasil (João Cotta/TV Globo)

Após mais de 20 anos de dedicação ao jornalismo e outros 10 anos à frente do matinal Encontro, Fátima Bernardes pediu à direção da Globo para diminuir o ritmo de trabalho. A apresentadora já declarou que não pretende se aposentar e que o público terá que “aguentá-la” até morrer, mas também admitiu que, a esta altura da vida, gostaria de trabalhar menos e ter mais qualidade de vida. Justo.

A Globo atendeu o desejo de sua estrela e lhe entregou o The Voice Brasil, que estava sem apresentador após a saída de Tiago Leifert. Um semanal de temporada era tudo o que Fátima desejava, afinal, a atração lhe proporcionaria um ritmo de gravações de acordo com o pedido da estrela. No entanto, esta nova transição de Fátima Bernardes no entretenimento devia ter sido mais bem pensada.

Afinal, Fátima Bernardes assume o The Voice Brasil em seu pior momento. No ar há dez anos, o talent show musical já não demonstra o mesmo fôlego de suas primeiras temporadas há tempos. O programa não tem mais surpresas e parece encaixotado, incapaz de fugir do ramerrame de sempre. “Olá, tudo bem? De onde é, quantos anos tem, canta desde quando?”. Uma ladainha que se repete episódio após episódio.

Ter novos rostos, como Fátima Bernardes, Thaís Fersoza ou Gaby Amarantos ajuda a oxigenar a fórmula, sem dúvidas. Mas, após tantos anos e tantas versões do programa, nem isso é o suficiente para recuperar o viço que a atração já teve um dia. Hoje, o The Voice é opaco, cansativo, chato mesmo. 

Fátima está bem na função, bem entendido. A jornalista já ultrapassou a linha entre o jornalismo e o entretenimento e realmente parece muito à vontade na nova função. Ela deve ainda mostrar uma nova faceta quando passar a ocupar o palco mais frequentemente, quando as próximas fases da competição começarem. Terá a chance de exercitar uma nova porção animadora. É uma experiência que lhe fará bem.

Ainda assim, a Globo pecou ao colocar uma de suas maiores estrelas num programa com claros sinais de cansaço. Nesta semana, o recorde negativo da atração e o fato de o The Voice não ter conseguido vender todas as suas cotas de patrocínio foram notícia nos sites especializados. Culpa da Fátima? Claro que não! Culpa do desgaste da fórmula. Mas o rótulo de fiasco pode colar na apresentadora, num momento em que Fátima não precisava disso.

Fica a torcida para que o The Voice Brasil não seja o único plano que a Globo tem para a sua apresentadora. Ao deixar o Encontro, que se revelou um produto bem-sucedido, a apresentadora merece um novo programa à sua altura. E não um programa tão surrado.

André Santana

19/11/2022