Globo dispensa Alcides Nogueira e esvazia time de novelistas

Alcides Nogueira no Persona em Foco (reprodução/TV Cultura)

Mais um grande nome da teledramaturgia está de saída do elenco da Globo. Trata-se de Alcides Nogueira, autor de renome dos quadros da emissora, responsável por assinar alguns dos sucessos do canal. Nogueira estava na Globo há 40 anos, atuando como autor titular e colaborador de novelas e minisséries.

Nogueira integrou o time de autores como Gilberto Braga e Silvio de Abreu em várias novelas. Também assinou com Maria Adelaide Amaral duas minisséries de destaque da “fase de ouro” das macrosséries da Globo, Um Só Coração (2004) e JK (2006). Como titular solo, assinou Ciranda de Pedra (2008) e Tempo de Amar (2017). Em parceria com Mário Teixeira, escreveu dois sucessos relativamente recentes: O Astro (2011) e I Love Paraisópolis (2015). Também escreveu especiais.

Alcides Nogueira engrossa a lista de autores de novelas recentemente dispensados pela Globo. Aguinaldo Silva puxou a fila no início de 2020, e nomes como Elizabeth Jhin, Paulo Halm, Daniel Adjafre, João Ximenes Braga e Patrícia Moretzsohn também não tiveram seus contratos renovados. De acordo com o Notícias da TV, a próxima dispensa deve ser Lícia Manzo, autora de A Vida da Gente (2011), Sete Vidas (2015) e Um Lugar ao Sol (2021).

A justificativa para a não-renovação de contratos com autores é a mesma para a dispensa de artistas: um novo modelo de relação de trabalho. Ou seja, assim como vários atores, os autores agora também trabalharão por obra certa. Trata-se de uma relação de trabalho meio estranha, já que obrigará novelistas a trabalhar de graça em sinopses e apresentá-las. Com a sinopse aprovada, aí sim o novelista assina com a emissora. Esquisito, não?

Risco

É compreensível o novo modelo de contratos que a Globo vem estabelecendo. Mas, ao mesmo tempo, o canal parece se expor a um risco ao incluir autores de novelas neste modelo. Isso porque novelas são o carro-chefe da programação, e o autor é uma figura fundamental no processo de execução delas. Um banco de autores vazio dá menos opções à emissora na hora de escolher textos para produzir. E contar que eles estarão disponíveis quando o canal chamar é contar com a sorte. Hoje temos streamings aos baldes, e estas plataformas têm absorvido grandes nomes do mercado.

Basta observar a fila de autores da faixa das nove para notar que uma crise pode vir aí. Atualmente, Bruno Luperi assina a adaptação de Pantanal. Gloria Perez e Walcyr Carrasco são os próximos da fila. E depois? Com João Emanuel Carneiro no streaming e medalhões aposentados, não há muitas opções. Maria Helena Nascimento e Ricardo Linhares devem assinar juntos a trama que sucederá a de Carrasco, mas depois disso não se sabe mais nada. O que será que vai acontecer?

André Santana

21/04/2022