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"Salve-se Quem Puder" acertou com comédia romântica e pano de fundo policial

Kyra (Vitória Strada), Alexia (Deborah Secco) e Luna (Juliana Paiva) em Salve-se Quem Puder
Foto: divulgação TV Globo

Autor que desenvolveu uma sinopse que não era dele em Alto Astral (de 2014, que era baseada em Buuu!, de Andrea Maltarolli) e um remake (Haja Coração, de 2016, baseada em Sassaricando, de Silvio de Abreu), Daniel Ortiz ofereceu sua primeira novela 100% original em Salve-se Quem Puder. A pandemia, que poderia ser uma provação, acabou driblada com competência, e o que se viu foi uma novela despretensiosa, mas divertida e com boas sacadas.

Com a novela das sete da Globo, Daniel Ortiz mostrou-se habilidoso na construção de triângulos amorosos. Se ele conseguiu formar os #TeamApolo e #TeamBeto em Haja Coração, desta vez o novelista emplacou nada menos que três triângulos principais. Ele tinha três heroínas, Luna (Juliana Paiva), Kyra (Vitória Strada) e Alexia (Deborah Secco), e cada uma delas dividida entre dois homens. E, mais uma vez, conseguiu mobilizar sua audiência e formar torcidas para cada casal formado. Goste-se ou não do estratagema, o fato é que é um feito e tanto!

A trama das sete tinha um pano de fundo interessante, ao mostrar o encontro das três amigas a partir de um crime testemunhado por elas. Colocadas no programa de proteção à testemunha, elas precisam se esconder dos bandidos, ao mesmo tempo em que tentam arrumar suas vidas, cheias de pendências. No entanto, a trama policial serviu apenas como “tempero” às cirandas amorosas das protagonistas. Tanto que toda a trama policial foi encerrada no início da última semana, e os capítulos derradeiros foram dedicados a desatar nós amorosos.

Sabendo do poder mobilizador de seus triângulos amorosos, Daniel Ortiz tratou de escrever vários finais para manter o suspense até o fim. Apenas de Alexia já se sabia que ficaria com Zezinho (João Baldasserini), mas os desfechos de Luna e Kyra ficaram no suspense. E, no fim, o autor parece ter tentado agradar todo mundo, já que escolheu um final menos óbvio para Kyra, e um final mais óbvio para Luna.

Afinal, para Kyra, a opção mais óbvia era Alan (Thiago Fragoso), tendo em vista que a história de amor deles foi construída sob os olhos do público. A relação da mocinha com Rafael (Bruno Ferrari) já existia quando a novela começou, e eles ficaram separados praticamente a novela toda. E, mesmo assim, ainda havia a torcida pelo mocinho que sofria de TOC, o que mostra a habilidade do autor na condução deste tipo de romance.

Com Luna, prevaleceu o final tradicional. Assim como Kyra e Alan, o relacionamento entre Téo (Felipe Simas) e Luna nasceu diante dos olhos do público, que viu este casal ser formado. Assim, seria menos lógico ela terminar nos braços de Alejandro (Rodrigo Simas), que caiu de paraquedas na segunda parte da trama.

Falando em segunda parte, o fato de a novela ter sido interrompida e encurtada, por conta da pandemia, acabou fazendo bem à trama. Isso porque a história ficou mais ágil e enxuta, sem gorduras e tramas paralelas desnecessárias. A trama que envolvia Micaela (Sabrina Petraglia), por exemplo, era bem ruim. A vingança de Verônica (Marianna Armellini) sobre a mocinha não fazia o menor sentido. Com a gravidez da atriz, este entrecho foi abreviado, o que se revelou a melhor solução. O ponto negativo é que não houve tempo de desenvolver um namoro entre Mário (Murilo Rosa) e Agnes (Carolina Kasting), o que fez a atriz ser pouco aproveitada no enredo. Uma pena!

Salve-se Quem Puder também mostrou alguma evolução no humor de Daniel Ortiz. Com um texto mais didático e até meio “bobinho”, o autor era adepto de piadas meio bobocas em suas novelas anteriores. Elas também existiram em Salve-se Quem Puder, claro, mas nesta novela o autor imprimiu um pouco mais de deboche, o que se revelou um acerto. Situações surreais, como Ermelinda (Grace Gioanoukas) fingindo ser uma vendedora ambulante dentro de um prédio para distrair Dominique (Guilhermina Guinle), enquanto as heroínas buscavam uma prova contra a vilã, foram hilárias. O mais engraçado foi Dominique agradecendo e tentando driblar a “vendedora”, como se aquilo fizesse sentido. 

Momentos metalinguísticos, como Alexia disparando um “que ganho, hein?”, no momento em que a própria novela oferecia um gancho poderoso; ou a ironia de Petra (Bruna Guerin), chamando a Globo de “comunista” e se autointitulando uma “cidadã de bem”, também foram dignos de nota. Isso deu alguma robustez ao texto de Ortiz que, normalmente, costumava ficar na superfície. 

Por essas e outras, em Salve-se Quem Puder, Daniel Ortiz mostrou-se um novelista em plena evolução, que conseguiu desenvolver um bom trabalho mesmo diante de tantas dificuldades. No fim, o saldo da novela foi positivo.

André Santana

17/07/2021

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3 Comentários

  1. Ate o momento eh a melhor novela do Ortz, logico teve tramas, como voce mesmo disse, nao faziam sentido, alias as duas interpretadas pela mesma atriz, tanto a Veronica como a Marlene nao faziam sentido. E o desenvolvimento do humor do autor melhorou sim. Gostei, pro atual momento foi bom, nao eh uma Brastemp mas quebrou o galho. Mas o maior acerto foi ver atores saindo do mesmo, Flavia Alessandra, Vitoria Strada, Cristina Pereira, Debora Secco fazendo um papel a la Claudia Raia, Bruno Ferrari, Cosme dos Santos fizeram personagens que estamos poucos acostumados a ver na tv aberta.

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  2. Olá, tudo bem? Divulgarei hoje o meu balanço com os pontos positivos e negativos de Salve-se Quem Puder. O autor acertou no desfecho da Kyra com Rafael. Alan era um personagem bem insosso...Sem pegada.. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  3. A cena em que a Petra chama a Globo de "TV comunista" foi uma indireta para os bolsonaristas! Realmente, aquela trama da Verônica se vingar da Micaela foi uma vingança sem nexo e sem sentido! A Alexia tinha que ficar com o Zezinho, Kyra tanto faz ficar com o Rafael ou Alan e Luna tanto faz ficar com o Téo ou Alejandro! Salve-Se Quem Puder foi uma novela legalzinha.

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