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Mais cozinha: "MasterChef" e "Top Chef" tentam driblar pandemia


Além da dramaturgia, a televisão brasileira também viu o segmento dos reality/talent shows sendo prejudicado pela pandemia do novo coronavírus. Por conta disso, tornou-se um desafio manter no ar tais programas. Mas eles são necessários, sobretudo em razão do imenso potencial comercial de atrações como as competições de culinária. Assim, Band e Record lançaram, nesta semana, as novas temporadas de MasterChef e Top Chef, tentando minimizar o impacto da pandemia.

Para “salvar” a temporada 2020 do MasterChef, a Band tratou de transformá-lo num game show. Baseada em experiências de outras versões do MasterChef no mundo, a emissora apostou num formato baseado em competições semanais. Assim, não corre o risco de ver uma competição que costuma durar meses ser interrompida totalmente por conta de um participante que, eventualmente, contraia covid-19.

A solução foi, basicamente, simplificar o formato. Ao invés de explorar uma narrativa que avança a cada episódio, o novo MasterChef propõe uma dinâmica que começa a termina no mesmo capítulo. Assim, cada episódio mostra uma disputa entre oito chefs, e um deles se sagra o vencedor. No episódio seguinte, novos competidores e um novo vencedor.

Ou seja, com a mudança, o MasterChef perde a principal característica de um reality/talent show: a exploração dos conflitos causados pela convivência. Sem maiores desdobramentos, MasterChef ganha contornos de um game show tradicional, no qual os participantes não vão em busca de uma exposição maior, e sim de “apenas” um prêmio.

Com esta mudança drástica, MasterChef perde um pouco do charme. Afinal, a grande graça do programa é conhecer os participantes e se deixar envolver por eles. O espectador se identifica com um deles e torce por ele. Ao mesmo tempo, cultiva pequenos ódios por outros, torcendo contra. Elege mocinhos e vilões. E embarca na emoção. Agora não. Há ainda o desafio na cozinha, os comentários cortantes de Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça, e há a contagem aflitiva de Ana Paula Padrão. Mas não há mais a mobilização das torcidas e da agitação do formato original. Neste contexto, o programa perdeu muito com a mudança.

Porém, como boa parte do trunfo do MasterChef é seu elenco carismático, a atração deve se manter escorado neles. Com isso, apesar de perder em emoção, não deve perder em diversão. Só é preciso mais cuidado com os protocolos de higiene, já que os competidores surgem sem máscara e se aglomerando no mercado. É preciso atenção.

Já o Top Chef Brasil tem problemas maiores. O programa da Record estreou mostrando os mesmos pontos fracos que o fizeram passar em brancas nuvens no ano passado: seu elenco insosso. Felipe Bronze é simpático, mas segue sem firmeza na apresentação. Falta mais pulso firme ao chef. Além disso, os jurados Ailin Aleixo e Emmanuel Bassoleil não são lá muito carismáticos. A falta de um personagem que imprima alguma identidade ao programa é grave. Tudo é muito asséptico e sem ritmo. Ou seja, para que a segunda temporada da atração consiga uma repercussão minimamente superior à do ano passado, é preciso esperar que um participante se destaque e dite os rumos da narrativa. O que, até agora, parece pouco provável que aconteça.

Ao contrário do MasterChef, o Top Chef começou a ser gravado antes da pandemia. Teve apenas cinco episódios gravados, e depois foi interrompido. Voltará a ser gravado agora. Com isso, a emissora assume um risco, já que esta pausa e a volta neste contexto submetem o programa a imprevistos que podem prejudicar seu andamento. Já pensou se um participante confinado fica doente, por exemplo?

Em suma, são muitos os desafios da nova temporada de Top Chef Brasil. Mas o principal deles será convencer o público a dar uma nova chance à atração, dada a temporada sem apelo do ano passado. Complicado.

André Santana

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13 Comentários

  1. Eu até gostei do primeiro episódio do MasterChef 2020, mas acho que oa pontos que você citou certamente farão muita falta, André. A gente adora odiar os participantes hahahaha. Sobre o Top Chef, li no Notícias da TV que a audiência da estreia foi de míseros 3,8 pontos. Parece que o público não tá disposto a dar uma nova chance ao reality gastronômico.

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    1. Mister Ed, o Top Chef é bem ruinzinho. A insistência da Record no formato surpreende. Até Batalha dos Confeiteiros, com Buddy Valastro com voz de Goku, é mais divertido.

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  2. Olá, tudo bem? Acho super válida a tentativa da Band oferecer conteúdo inédito ao telespectador. Além disso, é uma novidade no MasterChef que emenda uma temporada atrás da outra. Não dá para analisar com os critérios antigos. Vivemos em uma pandemia. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Oi Fabio! Não se discute a necessidade de mudanças em razão da pandemia. É evidente e louvável que os canais busquem saídas. O que se colocou aqui foi apenas uma análise sobre a mudança de eixo, com o MasterChef perdendo o lado "reality" e apostando no lado "game", só isso. Abraço!

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  3. Péssima idéia esse formato de masterchef. Estragou totalmente a atração.

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  4. Eu acho constrangedor esse programa da Record, uma tentativa de cópia do MasterChef sem um pingo de originalidade. O da Globo pode não ser grande coisa, mas tentaram ao menos algo um pouquinho diferente.

    Conversando com pessoas que acompanham o MasterChef com um pouco mais de assiduidade, a maioria não gostou das mudanças, mas eu entendo ser compreensível pela situação de pandemia. O problema maior é o que o Fabio apontou, desgastaram muito o formato com temporadas emendadas umas nas outras. Se nem o Big Brother sustentaria duas ou três edições no ano, que dirá um programa fora da Globo. Além disso temos sempre de lembrar que o MC é muito mais um programa de sucesso na internet do que na "vida real"; sim, o programa conseguiu alguma repercussão, principalmente nos 2 primeiros anos, mas é muito mais comentado no twitter do que no dia a dia.

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    1. Alexandre, o Top Chef também é um formato original que vem de fora, não dá pra afirmar que ele é uma cópia quando a Record o comprou pronto, nem que não possui originalidade quando o seu diferencial é o confinamento dos participantes. Entendo que você não goste do programa mas dizer que ele "é uma tentativa de cópia" e "sem um pingo de originalidade" é mais opinião do que fato.

      Sobre ser mais hit no Twitter, até a última edição (A Revanche), eu tinha que correr dos stories do Instagram pra não receber nenhum spoiler, além dos grupos de Whatsapp que já debatiam sobre o eliminado da semana. Ou seja, no meu círculo, pelo menos, MasterChef sempre foi um sucesso.

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    2. Ah e sobre o Mestre do Sabor, é notória a inspiração no The Voice, tanto que a primeira etapa do programa chama-se "degustação às cegas", sem contar que cada cozinheiro escolhe um chefe pra entrar no seu time, etc. Enfim, "o da Globo" torna-se mais cópia do que o da Record, é só analisar direitinho.

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    3. Mister Ed, eu discordo um pouco, mas claro, é tudo questão de gosto. O jeito do programa da Record não me atraiu porque, mesmo sendo um formato comprado e diferente do MasterChef, me passou a impressão de ser MUITO semelhante; posso estar um pouco enganado ou exagerando, mas foi a visão que eu tive. O Mestre do Sabor, como você disse, teve essa fase "The Voice", o próprio André ressaltou aqui. Mas eu entendi ele como algo um pouco mais original, ainda que eu não ache que ele tenha sido um grande programa.

      Sobre a questão das redes sociais você só reforçou o que eu disse, pois mostra que o MasterChef tem uma bolha de maior repercussão nas redes sociais. Claro que ele, de todos esse programas culinários, teve mais sucesso, mas não é o caso de um país parar para assistir, foi nesse sentido que quis dizer.

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    4. Sim, entendo e respeito seu ponto de vista. Se analisarmos que o Mestre do Sabor se inspirou num talento show musical para compor o culinário, certamente me parece ser maior o mérito deste do que de um talent show culinário que se inspirou em outro do mesmo segmento.

      Acho super válido nossos diferentes pontos e análises. Que sigamos assim, prolongando a discussão do tema:)

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    5. Opa, ótimos pontos aqui! Vou provocar mais um pouco: todos estes programas são iguais, as mudanças são meio que pra não serem acusados de plágio, vamos combinar? Masterchef neste formato como conhecemos nasceu em 2005. Top Chef é de 2006 e, na minha opinião, o confinamento foi criado apenas para ter um diferencial com relação ao outro. Já o Mestre do Sabor é uma criação da Globo em que a mecânica bebe da fonte de vários outros realities, como The Voice, Masterchef e Bake Off. Acho que o principal diferencial são os chefs transformados em técnicos e formando times, como no The Voice, o que dá uma "cara" original. Mas, no fundo, todos são competições pra saber quem cozinha melhor. Variações de uma mesma ideia, rs! De todos, eu acho o MasterChef melhor, mas o meu vício pessoal como espectador é o Bake Off, do SBT! Esse eu não perco, kkkk! Abraço pra vocês todos!

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  5. Falta no Top Chef a presença de um apresentador de verdade, eu traria a Chris Flores de volta e daria o comando do programa pra ela. E manteria os jurados.

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