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"Poder em Foco" não tem a cara do domingo do SBT

De frente com Debby
No ar há duas semanas, Poder em Foco é o novo programa de entrevistas do SBT, exibido aos domingos, depois do Programa Silvio Santos. A atração apresentada pela jornalista Débora Bergamasco recebe, a cada edição, um convidado, que é entrevistado pela apresentadora e por mais três jornalistas. Ou seja, é uma mistura de Canal Livre, da Band, com toques de Roda Viva, da Cultura.

O título do programa e seu primeiro convidado, o presidente Michel Temer, passaram ao espectador a impressão de que Poder em Foco seria um programa essencialmente político. Porém, em sua segunda edição, o programa recebeu o oncologista Dr. Paulo Hoff, que falou sobre o trabalho do Instituto do Câncer de São Paulo e os diferentes tipos de tratamento do câncer. Ou seja, se mostrou um programa de entrevistas mais abrangente.

O SBT foi ousado com a novidade. Abriu mão de uma faixa de reprises que, embora tenha resgatado bons programas do baú da emissora, tinha um acervo limitado de repetecos, já que exibia apenas programas de humor; e deu espaço a uma nova produção. Além disso, resgatou a tradição dos talk shows do fim da noite de domingo, aberta por Marília Gabriela e seu inesquecível De Frente com Gabi. O programa de entrevistas da jornalista teve três fases distintas na faixa após o Silvio Santos, e todas elas muito bem-sucedidas. Num de seus hiatos, foi substituída por Mônica Waldvogel, que comandou o esquecido Dois a Um, em 2004, que também era muito interessante.

Ou seja, assistir a uma boa entrevista depois das brincadeiras de Silvio Santos foi um hábito que o SBT acabou cultivando no seu espectador. No entanto, Poder em Foco não parece o formato mais adequado para o horário. Nos tempos de Marília Gabriela, o espaço mesclava bem os convidados, e muitas figuras populares enfrentavam o “pinga-fogo” da jornalista. Com artistas mais conhecidos, o De Frente com Gabi conseguia herdar parte do público de Silvio Santos, fazendo uma transição mais harmônica.

O mesmo não acontece com o Poder em Foco. O tom demasiadamente sério do programa contrasta com a alegria do programa do dono do SBT, que o antecede. Ficou um papo sério demais, num horário em que o espectador busca relaxar para dormir e enfrentar a semana. Além disso, Poder em Foco tem um formato que sugere um debate de ideias, mas, na prática, revelou-se chapa-branca demais. Acaba ficando arrastado, o que é ruim para um programa que tem o desafio de manter seu espectador acordado.

É louvável que o SBT aposte num novo programa de entrevistas. Mais louvável ainda é a emissora dar mais espaço ao seu jornalismo, demonstrando um compromisso raro com a informação. No entanto, a temática da nova atração e seu horário de exibição poderiam ter sido mais bem escolhidos. Apesar dos problemas, no geral é um bom programa, mas está em dia errado.

André Santana

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4 Comentários

  1. O primeiro programa com o Temer deu a impressão da atração ser chapa branca mesmo. Mas concordo com o que você quis dizer, o tom da atração é um pouco sério demais tanto para o horário quanto para o estilo do SBT.

    O que me chateia é como os programas de debate ou entrevista na TV brasileira são sempre colocados em horários ruins para que a maioria possa ver. Com exceção do Roda Viva, os programas da Bandeirantes, SBT e da Rede TV! são escanteados para a madrugada de domingo para a segunda. O espaço para o contraditório na TV aberta brasileira é minúsculo, para não dizer inexistente.

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    1. Sem dúvidas, Alexandre! Seria bem interessante ver um programa de debates no horário nobre.

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  2. O maior problema pra mim, eh o fato de ser chapa branca. Parece Roda Viva com Augusto Nunes, que ele eh condescendente quem eh de direita e ataca quem eh de esquerda. Ja esse do SBT, Michel Temer aparecer pela terceira vez na emissora em tao pouco tempo e sempre a favor dele, deu o tom chapa branca do programa. Progrmas desse tipo exigem um minimo de equidistancia e tentar ser jmparcial pra adquirir credibidade, porque credibidade eh o maior ganho pra programas desse estilo. E sendo chapa branca perde total credibidade

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    1. Sem dúvida. No fim, acaba sendo um espaço vazio, já que não se diz nada de novo.

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